Por uma noite, o futebol foi coadjuvante neste sábado. Todos os olhos presentes no Maracanã – e de quem acompanhou a partida pela televisão – estiveram pregados em Abel Braga, o carismático técnico que perdeu o seu filho João Pedro Braga, de 19 anos, há exatamente uma semana. E a torcida do Fluminense correspondeu ao seu «compromisso»: fez uma emocionante e inesquecível homenagem a seu treinador.
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Em campo, quando a bola rolou pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro, o time carioca confirmou o favoritismo e venceu o Atlético Goianiense por 3 a 1, resultado que o levou aos 25 pontos, na oitava colocação – o adversário segue na lanterna com 12. O Fluminense volta a campo na quarta-feira para enfrentar a Ponte Preta em Campinas, em jogo adiado da 17ª rodada devido à tragédia familiar de Abel. E, no próximo sábado, pela 20ª rodada, o time goianiense recebe o Coritiba.
Depois de perder o seu filho no último sábado, após João Pedro cair da janela do banheiro do apartamento onde vivia com a família, Abel chegou a ser homenageado pela torcida do Sport na quarta-feira. Mas os próprios jogadores do Fluminense avisaram que seria o momento dos cariocas «abraçarem» o seu treinador.
E o abraço foi emocionante. Bexigas brancas e cartazes espalhados por todo o Maracanã manifestavam o apoio ao técnico. Antes e após a execução do Hino Nacional, em coro, a torcida cantou «Abel Guerreiro», em uma referência ao grito de apoio aos jogadores.
Mas o abraço também foi retribuído. Na beira do gramado, muito emocionado, Abel fez seguidas vezes gestos de reverência ao seu torcedor. E, quando o minuto de silêncio por João Pedro foi anunciado, ele não se conteve. Chorou enquanto nem um único ruído era ouvido no Maracanã, que viveu um de seus 60 segundos mais respeitosos – e de um doloroso silêncio – de sua história.
«Eu amo meu país, amo meus torcedores, amo meu clube, amo meus jogadores, eu amo JonJon e os olhos azuis», comentou o treinador ao término da homenagem, com a voz muito embargada.
Com a bola rolando, desde os primeiros minutos, o Fluminense foi melhor e abriu o placar logo aos 14 minutos, quando Wendel recebeu dentro da área, deu excelente drible no marcador e tocou na saída de Felipe Garcia. Acompanhado de outros jogadores, o volante foi ao banco comemorar com o seu treinador.
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O jogo parecia controlado até que, aos 22 minutos, Henrique perdeu a bola dentro da área e Paulinho bateu firme, no alto, para empatar. Mas, com a excelente movimentação de seu sistema ofensivo e a boa partida de Gustavo Scarpa, Wellington Silva e Henrique Dourado, o Fluminense mandou tranquilamente no jogo após o gol.
Apenas dez minutos depois, Wellington Silva recebeu na entrada da área, levantou a cabeça e finalizou cruzado, no canto e colocado, sem qualquer chance para Felipe Garcia.
E, já aos 12 do segundo tempo, em outro bonito gol do Fluminense, Henrique Dourado aproveitou bola rebatida dentro da área e chutou no canto. Era a coroação de uma noite em que o futebol, se ficou em segundo plano, ultrapassou as quatro linhas em sua merecida homenagem a Abel.
FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 3 X 1 ATLÉTICO-GO
FLUMINENSE – Júlio César; Mateus Norton (Robert), Renato Chaves, Henrique e Marlon; Marlon Freitas, Wendel e Gustavo Scarpa; Marcos Calazans (Matheus Alessandro), Wellington Silva (Peu) e Henrique Dourado. Técnico: Abel Braga.
ATLÉTICO-GO – Felipe Garcia; André Castro, Gilvan, Roger Carvalho e Bruno Pacheco; Silva (Jonathan), Paulinho, Andrigo (Diego Rosa), Jorginho e Niltinho (Luiz Fernando); Walter. Técnico: João Paulo Sanches.
GOLS – Wendel, aos 14, Paulinho, aos 22, e Wellington Silva, aos 32 minutos do primeiro tempo; Henrique Dourado, aos 12 minutos do segundo tempo.
ÁRBITRO – Paulo Roberto Alves Junior – PR (CBF).
CARTÕES AMARELOS – Marlon Freitas (Fluminense); Andrigo, Luiz Fernando e Bruno Pacheco (Atlético-GO).
RENDA – R$ 651.020.
PÚBLICO – 24.098 pagantes (27.278 presentes).
LOCAL – Maracanã, no Rio de Janeiro.