A ressaca do título foi forte e o mistão do Corinthians não foi páreo para o mistão do Flamengo. Sem cinco titulares, o campeão brasileiro de 2017 foi um time passivo no primeiro tempo e, neste domingo, tomou três gols em um intervalo de 25 minutos, algo que não havia acontecido em nenhuma partida inteira ao longo de toda a campanha do hepta. Sem criatividade, foi batido por 3 a 0 para um Flamengo em crise, que registrou até briga entre seus jogadores no estádio Luso-Brasileiro, no Rio de Janeiro.
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Antes do jogo, o clima entre as duas torcidas era bem diferente. Na do Flamengo, o que mais se via era irritação. Nas conversas nos bares do acanhado estádio na Ilha do Governador, o torcedor rubro-negro dizia que queria «pelo menos que o time fosse pra cima». No anúncio dos jogadores pelo sistema de som, mais da metade do time foi vaiado. E quando a equipe entrou em campo, em vez de aplausos ouviu da própria torcida o grito de «time sem vergonha».
O clima era tão pesado que teve até briga entre jogadores do Flamengo na primeira etapa. Rhodolfo e Felipe Vizeu se desentenderam após uma cobrança de escanteio e sobrou soco nas costas do atacante e encontrão de cabeça entre os dois. No fim do primeiro tempo, no lance seguinte, Vizeu comemorou o seu gol fazendo um gesto obsceno ao zagueiro. Ficaram se prometendo.
Entre os corintianos, o ambiente era totalmente oposto. A torcida – que ocupou pouco mais da metade do seu espaço – não se cansava de entoar o grito de «é campeão» e outros de incentivo para um time que jogava desfalcado de seus dois laterais, de dois meias e de um de seus atacantes. A tranquilidade era reinante entre os torcedores que têm nestas últimas três rodadas a oportunidade de assistir o campeão brasileiro sem maiores preocupações.
Para o bem ou para o mal, a pressão vinda das arquibancadas se refletiu em campo. O Flamengo demonstrou as suas limitações técnicas a cada cruzamento errado e a cada erro de passe, mas compensou isso com pressão ofensiva realizada pelos três setores do ataque. No Corinthians, imperava a passividade e uma troca de passes infrutífera no meio de campo.
O resultado disso pôde ser visto nos números da primeira etapa. O Corinthians precisou de 20 minutos para chegar pela primeira vez ao ataque em um cruzamento de Leo Príncipe para Jô, que parou nas mãos do goleiro Diego Alves. Depois, só voltou a rondar o gol do Flamengo em duas oportunidades após os 40.
O time rubro-negro, por sua vez, não se furtou em buscar a vitória que o manteria entre o (grande) grupo que vai para a Copa Libertadores do próximo ano. Fez isso desordenadamente nos primeiros 20 minutos de jogo, mas quando Geuvânio inverteu de lado com Mancuello a coisa passou a funcionar. E, em um intervalo de 25 minutos, balançou as redes três vezes: Mancuello fez um golaço aos 21, Diego ampliou de pênalti aos 32 e Felipe Vizeu fechou a contagem do primeiro tempo aos 45.
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A entrada de Giovanni Augusto na vaga do inoperante Fellipe Bastos no segundo tempo deu ao Corinthians um melhor controle de ações do meio para a frente. Ele passou a aparecer frequentemente próximo a Romero pelo lado esquerdo, onde Pará e Rhodolfo não raro batiam cabeça. Por aí, o campeão brasileiro passou a criar suas melhores. Mas o placar construído no primeiro tempo já era inalcançável. Ficou por isso.
FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 3 x 0 CORINTHIANS
FLAMENGO – Diego Alves; Pará, Rhodolfo, Rafael Vaz e Trauco; Cuéllar, Willian Arão e Diego; Geuvânio(Everton Ribeiro), Felipe Vizeu (Lincoln) e Mancuello (Rodinei). Técnico: Reinaldo Rueda.
CORINTHIANS – Cássio; Léo Príncipe, Pablo, Balbuena e Marciel; Gabriel, Fellipe Bastos (Giovanni Augusto), Camacho, Marquinhos Gabriel (Pedrinho) e Romero (Rodrigo Figueiredo); Jô. Técnico: Fábio Carille.
GOLS – Mancuello, aos 21, Diego (pênalti), aos 32, e Felipe Vizeu, aos 45 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS – Geuvânio, Pará, Rhodolfo e Rafael Vaz (Flamengo); Marquinhos Gabriel, Giovanni Augusto, Romero e Léo Príncipe (Corinthians).
ÁRBITRO – Wagner Reway (Fifa/MT).
RENDA – R$ 294.198,00.
PÚBLICO – 12.293 pagantes (13.491 no total).
LOCAL – Estádio Luso-Brasileiro, no Rio de Janeiro (RJ).