Em tempos de redes sociais, nem mesmo os mortos estão off-line. No Facebook, por exemplo, há milhares de perfis de pessoas já mortas que a família não consegue ou prefere não apagar.
Pensando nisso, o estudante de engenharia da computação Thiago Vinicius Corrêa, 24 anos, morador de Brasília, teve uma ideia inusitada. Ele criou a Memorial online (www.memorialonline.com.br), uma empresa cujo serviço é justamente manter a lembrança dos mortos por meio da rede mundial de computadores.
Ao contratar os serviços da empresa, o cliente recebe uma espécie de “lápide digital”, uma placa confeccionada pela equipe que vem com um QR Code — código que pode ser escaneado por celulares e que dá acesso ao perfil da pessoa no site, que pode ser público ou restrito à família.
Lá, os visitantes têm acesso a fotos, mensagens e a localização via satélite do túmulo. O serviço custa de
R$ 90 a R$ 290, dependendo da quantidade de informação a ser armazenada, e foi lançado oficialmente no último Dia de Finados.
Até o momento, Thiago já tem em torno de 40 clientes. Em sociedade com um empresário, ele conseguiu parceria com cemitérios de Formosa, em Goiás, a 80 km do Distrito Federal, e planeja expandir para outras cidades do entorno. Em Brasília, segue em negociação para implantar o serviço no Campo da Esperança.
Novidade
Thiago diz que a ideia surgiu quando foi contratado para automatizar os registros de uma funerária. “Quando comecei a trabalhar na área, vi que é um mercado que tem características de 50 anos atrás, não tem qualquer inovação”, afirma.
E acrescenta: “A intenção é preservar a lembrança e colocar um pouco mais de sentimento”.
Como ocorre em outras redes sociais, a Memorial já foi bombardeada por engraçadinhos criando perfis falsos — o site permite que as pessoas preencham formulários de amostra. “Como é algo diferente, o pessoal resolve dar uma zoada”, conforma-se o dono da empresa.
O advogado Felismino Ferreira, 26 anos, foi um dos primeiros a contratar um memorial, para seu avô Edmundo Granich, morto há 10 anos. “Quando minha mãe começou a escrever os textos, percebi que não sabia muito da vida do meu avô. É como se fosse uma árvore genealógica, um arquivo da família on-line”, justifica Ferreira.