O manguebeat entrava para a história da música brasileira com sua mistura explosiva do batuque do maracatu com a rebeldia do rock há 25 anos. As comemorações do ritmo pernambucano neste ano não param por aí: Chico Science, seu maior símbolo, completaria 50 anos se estivesse vivo e o “Afrociberdelia”, um dos principais álbuns do movimento, chega aos 20 anos.
Criado no início da década de 1990, o manguebeat ganhou evidência após o manifesto “Caranguejos com Cérebro”, que começou a ser elaborado em 1991 e teve sua divulgação final em 1992. Escrito pelo fundador da banda Mundo Livre S/A, Fred Zero Quatro, o texto explica as diretrizes do movimento, que juntou o moderno com o tradicional, e cria uma analogia entre a antena, que representa a tecnologia, e a lama, comum nos mangues do Recife.
A partir daí, o movimento ganhou corpo. Um dos percursores foi Chico Science & Nação Zumbi. O grupo misturava instrumentos do rock, como baixo e guitarra, com percussão do maracatu, ritmo típico da cidade.
O escritor do livro “Hibridismos Musicais de Chico Science & Nação Zumbi” e professor da Universidade Metodista, Herom Vargas, diz que o grupo era referência em criação. “Dentro do manguebeat, eles foram um dos principais norteadores das misturas musicais”, disse.
Chico Science se tornou um dos ícones da cena. Morto em um acidente de carro em 1997, ele faria 50 anos neste ano. Science ficou marcado por dois álbuns que figuram na “Lista dos 100 Maiores Discos da Música Brasileira”, publicada pela revista Rolling Stone Brasil, em 2007.
“Da Lama ao Caos”, primeiro álbum do grupo, foi lançado em 1994 e é considerado o 13º maior disco brasileiro pela revista, com canções como “Samba Makossa” e “A Praieira”, além de música que tem o mesmo nome do disco.
Neste ano, o “Afrociberdelia”, segundo e último álbum da banda com Science, completa 20 anos. Com “Maracatu Atômico” e “Manguetown”, é tido como o 18º principal disco do país, segundo a Rolling Stone Brasil. “De alguma forma, Chico é uma referência. Muitos assumem que foram influenciados por ele, seja pela música ou pela experiência. Foi um cara experimental, criativo e recolocou Recife no mapa da música brasileira”, afirmou Vargas.