Olhe em volta. Você provavelmente verá alguém com fones de ouvido. Que eles são populares não é novidade, mas você já pensou no que o mau uso pode causar? Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 1,1 bilhão de pessoas entre 12 e 35 anos correm risco de surdez precoce por exposição ao barulho.
É comum pensar que o som de locais como boates são os mais prejudiciais. É o que acha o estudante Wallace Gonçalves, de 17 anos. “Não adianta parar de usar fones e ir a festas, onde sinto meu ouvido zumbindo.”
O otorrinolaringologista Ricardo Testa explica que, na realidade, o risco depende da combinação entre a intensidade do som –isto é, o volume– e o tempo de exposição a ele. “A intensidade máxima que não prejudica é de 85 decibéis. Se estiver nessa altura, o limite de tempo é de oito horas por dia”, esclarece.
Parece bastante? Segundo a OMS, o som de celulares varia de 75 dB a 136 dB (decibéis). Além disso, o tempo limite cai pela metade a cada 5 dB, ou seja, aumentar o som para 100 dB deixaria você com apenas uma hora de música.
Para o servidor público Marcos Vinicius Massonetto, de 37 anos, isso é pouco tempo. “Ouço música no ônibus e no trabalho, dá cinco horas por dia”, conta. Nesse caso, é fundamental maneirar no volume. “Ouvir música acima do volume ‘seis’ do celular é prejudicial”, alerta a fonoaudióloga Luciana Lucena.
O modelo de fone também é um fator importante, segundo o engenheiro de áudio Régis Faria. “Como o intra-auricular entra no tubo auditivo, tem mais chances de prejudicar. O de concha é melhor porque isola o som externo, o que impede exageros no volume.”
O ponto mais grave é que a perda de audição é irreversível. Para evitar chegar a isso, a fonoaudióloga alerta que é preciso “ficar atento aos sintomas iniciais, que são zumbidos, sensação de ouvido tapado e dificuldade em entender o que as pessoas falam em ambientes ruidosos”.
Para quem apresentar esses sinais, a recomendação é procurar um médico e fazer exame de audiometria ao menos uma vez ao ano.
Tomando cuidado, então, com volume e tempo de exposição, seu “melhor amigo”, que permite ouvir músicas em qualquer lugar sem incomodar os outros, não vira um vilão.