Estilo de Vida

Fertilização in vitro traz esperança à mulheres e casais que sonham em ter filhos

Jorge Araújo/Folhapress

Graças à fertilização in vitro, Norma Maria de Oliveira realizou o sonho de ser mãe aos 64 anos. “Quando olho para ela, é só amor”, comemorou. Por conta da idade, ela e o companheiro assinaram termo de responsabilidade em que afirmavam estar cientes dos riscos da gravidez.

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Norma foi mãe aos 64 anos (Camila Oliveira)

Mesmo prematura, Ana Letícia nasceu saudável e agora, quatro meses depois, a procuradora municipal vai entrar com um pedido de aposentadoria para se dedicar inteiramente à pequena. “Está decidido. Vou cuidar só dela, mais nada. Minha profissão agora é a maternidade”, disse.

Assim como Norma, a reprodução assistida é o caminho da fertilidade para muitas mulheres e casais brasileiros. E com o avanço da ciência, a idade deixou de ser um obstáculo para muitas pessoas. A servidora Luciene Gonçalves ficou grávida duas vezes depois dos 50 anos.

Primeiro veio a Helena, que está com dois anos, e depois o Heitor, com oito meses. “Eu tenho orgulho de chegar na idade que eu cheguei e ter gerado dois bebês super sadios. Aliás, eu estou rejuvenescida”, brincou.

As novas técnicas de reprodução também criam famílias cada vez mais diversas. Roberta de Oliveira e Alessandra Pereira têm hoje três filhas juntas e recorreram ao banco de sêmen para engravidar.

“Escolhemos a cor dos olhos, no caso verde, a profissão, que é um médico, e tiramos todos que teriam sangue negativo para evitar qualquer problema durante a gestação. A tecnologia veio para ajudar, para realmente ter um avanço”, afirmou Roberta.

Longa espera

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Os planos de saúde ainda não oferecem o tratamento, mas o SUS realiza a técnica em 11 centros de saúde do país. A fila de espera é longa e pode durar até dois anos. Em Belo Horizonte, os medicamentos são todos custeados pelo próprio paciente.

Flaviane já fez duas tentativas de fertilização

A professora Flaviane Ribeiro, de 42 anos, teve de recorrer a um empréstimo para fazer duas fertilizações, que não deram certo. “Na primeira tentativa, eu gastei cerca de R$ 20 mil só com medicamentos. Não deu certo. Na segunda eu gastei R$ 10 mil e ainda estou pagando, mas não consegui o bebê. É a parte bem triste, uma lembrança que não sai da cabeça”, disse.

Mesmo sem sucesso nas duas vezes, Flaviane não desistiu do sonho de ser mãe e vai tentar outra fertilização.

Já a comerciante Rebecca Godinho recorreu ao serviço da rede pública aos 32 anos, e, após três anos de espera, a alegria renasceu com a gravidez. “Tinha que ser o Lucas. Se tivesse que esperar três vezes novamente, sabendo que ele ia chegar da terceira, passaria por tudo isso mais uma vez”, resumiu o marido, Thiago Soares.

Durante a espera no SUS, eles ainda chegaram a tentar duas fertilizações in vitro, que não deram certo, e gastaram R$ 17 mil.

Nas clínicas particulares, a conta fica ainda mais cara. Mesmo com a evolução da técnica, o preço é inacessível para muitas pessoas – os valores variam entre R$ 10 mil e R$ 23 mil, se houver necessidade de doação de óvulo.

E só o semên tem um custo de R$ 2 mil. Uma resolução do Conselho Federal de Medicina permite também a escolha das características do material genético. A decoradora Patrícia Borges gastou R$ 100 mil com o processo. “Você sabe tudo do pai, só não vê a foto. Falei como eram as características e eles me deram as opções”, explicou.

Congelamento de óvulos

Esperança para conservar a fertilidade e adiar a chegada dos filhos, o congelamento de óvulos se torna cada vez mais comum. Mesmo assim, o custo é alto – R$ 15 mil, além da mensalidade para manter o material genético guardado em botijões a 190 graus negativos.

Desde os 30 anos, a especialista em reprodução, Márcia Riboudi, mantém óvulos congelados e só pensa em ter filhos mais tarde por conta da profissão. “É como se eu tivesse feito um plano de saúde. Se eu chegar aos 40 anos e decidir ser mãe, tenho total segurança de ter um bebê saudável em casa”, defendeu a especialista.

O procedimento também é indicado para mulheres que têm histórico de menopausa precoce na família ou ainda aquelas que precisam fazer tratamento contra o câncer.

É o caso de Cristina Nunes, que aos 33 anos foi diagnosticada com um tumor. A notícia, que assustou a servidora pública, obrigou a tomar uma difícil decisão: adiar a quimioterapia para poder congelar os óvulos. Cinco anos depois de vencer a doença, ela começa a pensar no primeiro filho.

“Hoje estou com 37 anos, esses óvulos congelados têm 33 anos. São novos e passada essa tempestade, essa fase complicada, é uma tranquilidade saber que, se precisar, caso a gravidez não venha de forma espontânea, eles estão lá e eu tenho a quem recorrer”, apontou Nunes.

Espanha é referência no tema

Com quatro vezes mais fertilizações in vitro que o Brasil, a Espanha se tornou referência mundial em reprodução assistida. Testes genéticos cada vez mais modernos desenvolvidos no país ajudam os especialistas na seleção do óvulo e espermatozóide para evitar abortos e nascimento de bebês que não sejam saudáveis.

“A idade é um problema muito sério. Na hora que eu estudo geneticamente o embrião, elimino esse problema porque a grande diferença de uma paciente ficar fazendo um tratamento com 40 anos e para aquela que faz com 35 anos é a qualidade do óvulo que ela produz”, explicou o ginecologista Emerson Cordts.

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