A insulina inalável foi liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta segunda-feira (3) e ampliou as possibilidades de tratamento para pacientes com diabetes. Mesmo considerado um avanço na medicina, o medicamento tem suas limitações, como menos opções de dosagem em relação ao método injetável e a recomendação somente para pessoas maiores de 18 anos.
ANÚNCIO
Mais de 13 milhões de brasileiros sofrem de diabates. A doença crônica ocorre quando há um elevado índice de glicose no sangue e o pâncreas não consegue produzir insulina ou a produz em quantidade suficiente. Há ainda pacientes resistentes à insulina, que não absorvem adequadamente a substância.
Como é feito o tratamento de diabetes?
São combinados dois tipos de insulina: a lenta, ultralenta ou intermediária + a rápida ou ultrarápida. O primeiro grupo substitui a secreção natural do pâncreas. Já o segundo é geralmente aplicado próximo às refeições para simular a secreção do órgão durante a digestão, que é diferente de quando estamos em jejum.
Na maior parte dos casos, quem faz esse tratamento combinado é quem tem diabetes tipo 1, cujo pâncreas já não produz mais insulina. Os pacientes do tipo 2 geralmente utilizam comprimidos.
Inalável substitui a injetável?
A endocrinologista da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo) Andressa Heimbecher explica que é muito difícil substituir completamente a injetável justamente pela importância dos processos de absorção lento e rápido. «O que vai acontecer é que esse paciente vai ter menos injeções», afirma.
Comercializado nos Estados Unidos desde 2015, o medicamento ainda não possui estudos a longo prazo sobre possíveis efeitos colaterais, como explica a médica. «O pulmão deve ser monitorado para verificar se há risco de desenvolver algum tipo de alergia, asma, bronquite, fibrose pulmonar ou se pode haver um descontrole do diabetes devido à mudança de tratamento.»
«Eu sempre vejo a entrada de um medicamento para diabetes no Brasil como algo extremamente positivo», comemora Andressa. «O diabético sempre vai precisar de novas medicações que revolucionem seu tratamento. Ficar livre de algumas aplicações é um respiro no futuro desse paciente.»
ANÚNCIO
O preço da insulina inalável será regisrado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. A venda do medicamento deve estar liberada até o quarto trimestre deste ano.
Conheça os prós e os contras da insulina inalável
Prós
Livra o paciente de algumas ‘picadinhas’
A aplicação mais comum da insulina é de forma injetável. Mesmo fazendo um rodízio entre os locais de aplicação, os pacientes sentem bastante desconforto com as agulhadas. Ambas – inalável e injetável – têm uma absorção muito rápida no organismo. O tempo é semelhante entre as duas: aproximadamente 5 minutos.
Maior praticidade
As injeções de insulina devem ser armazenadas na geladeira e retiradas momentos antes da aplicação. O medicamento inalável, por sua vez, não exige refrigeração, o que facilita o dia a dia do paciente com diabetes.
Cabe na palma da mão e é de fácil manuseio
Um remédio semelhante já foi liberado pela Anvisa, em 2007. Porém, sua produção foi interrompida meses após começar a ser vendido. O fabricante alegou baixa aceitação do produto no mercado como motivo. O aplicador do medicamento liberado na última segunda-feira é bem menor, o que torna sua utilização mais fácil. Além disso, o manuseio é bastante simples: basta inserir um cartucho de insulina no inalador.
Contras
Não substitui todas as aplicações diárias
O tratamento de insulina é composto por dois tipos de insulinas combinadas. Geralmente, o paciente diabético tipo 1 usa insulinas de ação lenta, ultralenta ou intermediária combinadas com insulinas rápidas e ultrarápidas. A insulina inalável substitui somente este último grupo.
Não é recomendada para menores de 18 anos
Ainda não há estudos clínicos suficientes que embasem a aplicação em menores de 18 anos com segurança.
Há restrições para pacientes com problemas pulmonares
Como é inalável, o pulmão precisa estar saudável para garantir a absorção do medicamento. «Não é possível garantir o funcionamento correto da insulina no organismo de pacientes fumantes, asmáticos ou com fibrose pulmonar, por exemplo», explica a endocrinologista.
Há menos opções de dosagem
As doses de insulina inalável são de 4, 8 e 12 unidades. A endocrinologista diz que, com as opções injetáveis, é possível fazer doses de até meia unidade, sendo permitidas até em crianças.
Além disso, ela recomenda que o paciente não faça a troca sem orientação médica. Consulte seu médico e veja se você é um candidato ao tratamento.