O período de isolamento social provocado pelo pandemia pode ser danoso para o carro, que fica muito tempo parado na garagem. O AutoPapo consultou especialistas e esclarece: quem está utilizando o possante uma ou duas vezes por semana não está sujeito a grandes prejuízos. Caso contrário, é preciso tomar algumas precauções.
Quem explica é o engenheiro Everton Lopes da Silva, Mentor de Tecnologia em Energia da SAE Brasil: “Se o período da quarentena não for maior que 3 semanas e o veículo estiver com a manutenção em dia, não há motivos para o motorista ter preocupação”. Porém, ele destaca que, ficando parado por muito mais tempo, diversos problemas podem surgir.
Desligar o cabo negativo da bateria é uma boa medida
O item que mais sofre com a falta de uso é a bateria. O nível de carga do componente pode ficar muito baixo, a ponto de o motorista não conseguir dar a partida no motor. A primeira ação preventiva: desligar o cabo negativo da bateria. “Ajuda a manter a carga por um tempo maior, pois vai cessar o consumo dos sistemas eletrônicos”, diz Silva, da SAE.
Antônio Júnior, diretor de Engenharia do Grupo Moura, estima que o componente mantém um nível de carga suficiente para ligar o motor por um período que pode variar entre 10 a 30 dias. Essa diferença deve-se, principalmente, às condições do componente. Todavia, vale destacar que a bateria é um item perecível, com vida útil limitada. Os cuidados otimizam a durabilidade, mas não a perpetuam indefinidamente.
Porém, há consequências. Júnior adverte que memórias e programações de equipamentos eletrônicos, entre os quais o ajuste do relógio de horas, se perdem. “E isso só deve ser feito caso o veículo se encontre em um lugar seguro, para que ele possa ficar sem o alarme”. Apesar disso, Silva também recomenda consultar o manual antes de desconectar o cabo. “Para alguns poucos modelos, especialmente importados, não é aconselhado”, pondera.
A partir de três meses, o combustível pode ficar ruim
Cuidados adicionais são necessários apenas se o tempo parado for realmente muito longo, três meses ou mais. Nesse caso, outros problemas surgem. Um deles é a degradação do combustível.
Segundo Eduardo Buarque de Alcazar, analista de Marcas e Produtos Sênior da BR Distribuidora, não há um prazo de validade formal para combustíveis. “É usual considerar três meses como sendo um prazo seguro para a gasolina ser usada após o último abastecimento”.
Porém, Alcazar elucida que o tipo premium tem maior durabilidade. “Para a gasolina Podium, é usual considerar pelo menos seis meses como um prazo seguro (para utilização)”. Para o diesel, o mais sensível a fatores externos, o período máximo é de três meses.
Por outro lado, o álcool é o de maior vida útil. “O etanol possui boa estabilidade química e não deve se degradar em condições normais de armazenagem”, assegura o especialista da BR Distribuidora.
Uma medida é encher o tanque antes de deixar o carro parado por muito tempo. “Como a degradação ocorre na interface com o ar, quanto mais cheio o tanque, maior é a proporção de combustível protegido”, sintetiza.
Convém ou não ligar periodicamente o motor do veículo?
Uma alternativa para manter o carro em ordem é ligá-lo pelo menos uma vez por semana. Silva, da SAE, indica aguardar a luz da pressão de óleo no painel apagar e manter o veículo em marcha lenta por alguns minutos antes de conduzi-lo.
Tarcísio de Lima Azevedo, analista de produtos e portfólio sênior da BR Distribuidora, recomenda a verificação periódica do óleo se o motor for acionado com frequência, mesmo com o carro na garagem, além de reduzir o prazo de troca do óleo.
Por sua vez, Júnior aponta o funcionamento periódico do motor, de 15 a 30 minutos, como medida para salvaguardar a bateria. Após dar a partida no motor, o proprietário pode aproveitar para movimentar o veículo na própria garagem. Tal procedimento é recomendado a cada 15 dias. Outra medida muito simples prescrita por ele para impedir que os pneus sofram deteriorações é calibrá-los antes de deixar o carro parado por períodos de tempo mais longos.
Limpeza é essencial se o período na garagem for maior
Caso o tempo do carro seja superior a 20 dias, os cuidados vão além. A primeira providência recomendada pelo engenheiro da SAE é uma limpeza completa no veículo. “Sujeira no interior, como restos de alimentos, forma um ambiente propício para proliferação de fungos e bactérias. Isso também vale para o sistema de ar condicionado”, pontua.
Ele ainda recomenda realizar higienização do sistema de climatização, que envolve a troca do filtro de cabine, quando o veículo voltar a ser utilizado.
De acordo com Silva, uma medida simples, mas importante, é levantar as hastes dos limpadores do para-brisa. “As palhetas podem ressecar e deformar, perdendo seu efeito de raspagem”, diz. Além do prejuízo decorrente da necessidade de substituição antecipada das palhetas, o motorista pode ser surpreendido pela falta de eficiência delas durante um temporal.
Outra medida preventiva, mas possível de ser tomada apenas em garagens planas, é não acionar o freio de mão. Nesses casos, segundo Silva, o motorista pode deixar o veículo com uma marcha engrenada e um calço nas rodas, para evitar acidentes.