Com a pandemia do novo coronavírus, é preciso usar máscara para sair de casa. No entanto,tem aparecido alguns relatos de pais que estão enfrentando um problema: as crianças que não querem usar máscara. Para resolver, especialistas indicam uma série de estratégias, entre elas: convidar os filhos para participar da confecção das máscaras, transformando o momento em um projeto de artesanato divertido; explicar a importância do uso das máscaras; usá-las em casa, para que a criança se acostume; e relacioná-las ao uniforme dos heróis da pandemia: os profissionais da saúde.
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Fernanda Mappa, psiquiatra da infância e adolescência e presidente do capítulo do Espírito Santo da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (ABENEPI), fala que, em primeiro lugar, as crianças só devem sair em caso de extrema necessidade. “A principal indicação para todas as crianças é não sair de casa. Se a saída for indispensável, há necessidade de usar [a máscara] para se proteger e também para proteger todos da família”, afirma.
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Sobre as crianças que não querem usar máscara, Fernanda tem duas recomendações: conversa e modelos divertidos desse “acessório”. “A recusa [a usar máscara] pode ser uma resposta ao desconhecido e também à falta de hábito. Considerando que já temos mais de 60 dias de confinamento, conversas sobre o que está acontecendo, sobre o vírus e como asseguramos nossa saúde já foram feitas – se não foram feitas, precisam ser feitas. Só dessa maneira é possível fazer a criança entender a importância”, orienta ela. A psiquiatra indica que pais comprem máscaras confortáveis e que tenham temas infantis, de super-heróis ou outros personagens.
Em reportagem do jornal The New York Times, Harold Koplewicz, presidente e diretor médico do Child Mind Institute (Instituto da Mente da Criança), organização não governamental dos Estados Unidos, diz que os pais podem comparar o uso da máscara com a lavagem das mãos, por exemplo, explicando às crianças que é uma ação que protege ela e os outros. Já o psicólogo Christopher Willard sugere deixar as crianças participarem da confecção das máscaras, escolhendo tecidos e estampas. “Transforme em uma atividade de artesanato e também em um jogo. Pratique usá-las em casa por diversão, tentem ler as expressões faciais um do outro enquanto usam a máscara. Essas coisas normalizam um pouco e fazem com que fique menos assustador [para as crianças]”, explica. Willard também faz a sugestão de relacionar a máscara ao uniforme dos heróis da pandemia: os profissionais da saúde.
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Mas e se as crianças que não querem usar máscara ainda assim não se convencerem? “Se não funcionar, não tem como sair de casa. Não existe a possibilidade de sair sem máscara. Se usou de conversa, orientação, criatividade e nada adiantou, a orientação é adiar a saída, até que a criança tenha confiança”, declara Fernanda. A principal função do uso da máscara é impedir que a pessoa contamine outras, já que o tecido ou o TNT retém as gotículas respiratórias de quem está “mascarado” – por isso, é tão importante que as crianças a coloquem, já que elas podem ser transmissoras assintomáticas do coronavírus.
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É importante lembrar que menores de dois anos não devem usar a máscara, por haver risco de sufocamento. Pessoas com problemas respiratórios, inconscientes, incapacitadas ou que não consigam remover as máscaras sozinhas também não devem usá-las. Também há cuidados que os pais precisam ter em relação ao uso das máscaras pelas crianças: o tamanho deve ser adequado à face e permitir a respiração sem dificuldade; a supervisão deve ser constante, já que a criança tende a tocar na máscara e no rosto; e é preciso observar se a criança está salivando ou com o nariz escorrendo, pois máscaras molhadas são consideradas sujas.
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