O Projeto Sankofa traz para esta edição da São Paulo Fashion Week, a primeira presencial após duas edições virtuais, sete marcas de fora do circuito da passarela para desfilar nos dias 18, 19 e 20 de novembro (Dia de Consciência Negra), às 15h, no pavilhão das Culturas dentro da Bienal, no Parque do Ibirapuera. O projeto que iniciou o trabalhos com as marcas há cinco meses contou com com consultorias, mentorias e análises de marcas.
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Idealizado por Natasha Soares, do movimento Pretos na Moda, e por Rafael Silvério, da Startup de Inovação Social VAMO - Vetor Afro Indígena na Moda, o Sankofa tem como objetivo levar diversidade para a moda brasileira e mexer com a consciência racial dentro da área. Para Natasha e Silvério, “a moda preta foi podada por preconceitos e discriminação, sabendo o peso que cada cultura trazia em suas vestimentas.” Por isso o nome do projeto é referência a um adinkra (símbolo de Gana) de um pássaro e quer dizer “retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro”.
O processo de escolha das marcas se deu através de um comitê interno e outro externo e levou 16 marcas para a mesa de escolha. “Optamos pelas marcas que se encaixavam nos critérios que havíamos decidido juntos enquanto comitê”, comentam. As marcas escolhidas foram Ateliê Mão de Mãe, Meninos Rei, Naya Violeta, Santa Resistência, Silvério, Mile Lab e Az Marias.
É a segunda vez que o projeto participa da São Fashion Week, mas Natasha Soares e Rafa Silvério fazem questão de comentar estilistas pretas e pretos que já ocupam o espaço da moda, como Isaac Silva, Ângela Brito e Karine Fouvry. “Essas pessoas vêm desbravando brilhantemente o que é empreender em espaços embranquecidos”.
Fora da São Paulo Fashion Week, a moda também é algo comum nas periferias de São Paulo e existem vertentes surgindo através da população preta e periférica, muito ligadas ao rap e funk. Mas para os criadores do Projeto Sankofa, essa moda ainda não é vista como parte da “cultura brasileira”. “Sentimos que a relação com a moda periférica é bem parecida com a discussão do funk ser MPB ou não. Por não contemplar a branquitude, não é respeitado como algo oficial, até que alguém não periférico o faça. Aí sentimos que a narrativa é outra”, finalizam.
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