Você mesmo já fez isso ou provavelmente já se deparou com alguém com a língua para fora em um momento de concentração. A mania um tanto quanto engraçada é mais vista em crianças que estão aprendendo coisas novas, como escrever, ou em bebês, e pode durar por até a fase adulta. Mas por qual motivo isso acontece?
De acordo com o site Meganotícias, a ação é completamente instintiva, e apesar de parecer que, ao realizar isso, a concentração aumenta, na verdade á prática é apenas um reflexo do corpo.
Um estudo da Universidade de Londres pensado pelo professor cognição comparativa, Gillian Forrester, tentou buscar respostas para a mania. Uma das teorias levantada pelos especialistas da pesquisa é que isso ocorre em virtude de um “transbordamento” do sistema motor. Neuroimagens mostram que, quando está ocorrendo alguma tarefa que utiliza ferramentas, a parte do cérebro dedicada à linguagem está sobreposta pelas redes neurais.
Ou seja, os neurônios ligados à destreza de ferramentas são ativados e ‘transbordados’ para uma rede neural vizinha, que por sua vez ativa a boca. Resumindo: quando você está muito concentrado em uma tarefa motora, uma grande quantidade de conexões neurais ativa sua boca e sua língua durante determinados movimentos.
Mãos e língua estão ligadas?
Em entrevista à Live Science, o professor responsável disse que “as mãos e a língua são os únicos articuladores finos em nossos corpos e são controlados por partes sobrepostas de nosso cérebro no hemisfério esquerdo.” Os autores concluíram que o uso das habilidades motoras para mexer com ferramentas e da linguagem compartilham o mesmo processo cognitivo.
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Contudo, Forrester não se convenceu que isso é a única coisa envolvida. Os cientistas sugeriram que a maneira como a boca imita as mãos está ligada ao fato de que os humanos aprenderam isso durante a evolução, como é possível verificar em outros primatas. Os macacos utilizam os gestos para a comunicação, e possivelmente os primeiros humanos também faziam isso até começarem a utilizar ferramentas. Quando as mãos foram ficando mais ocupadas, nossas bocas e línguas a se tornarem o meio dominante de comunicação.
Outro estudo mais antigo, publicado no Journal of Neurophysiology em 2001, pesquisadores apontaram que os humanos abrem mais a boca quando utilizam objetos maiores. Com objetos menores, era a vez da língua aparecer. De qualquer forma, é difícil ter exatidão ao entender se o uso da boca ao mexer com objetos é uma herança histórica ou um processo cognitivo mais complexo.