Uma das muitas consequências da pandemia de coronavírus que está se manifestando com força agora é o que os especialistas chamaram de esgotamento parental ou “burnout” parental.
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O burnout parental é uma síndrome crescente, originada do estresse crônico de quem tem filhos, caracterizado por quatro sintomas principais: esgotamento físico ou emocional, ou ambos; sensação de não cumprir com o que se diz que significa ser “bons pais” ou “boas mães”; sentir-se frustrado com o papel parental e pensar que está emocionalmente desconectado dos filhos.
Um estudo do Centro de Pesquisa sobre Criação, organização sediada na Austrália, mostrou que dois em cada cinco consultados sentem que o cansaço afeta sua capacidade de serem o tipo de pais e mães que querem ser. E quase metade das pessoas pesquisadas acha que não há tempo suficiente no dia para fazer tudo o que se espera ou acredita que devem fazer.
O psicólogo Néstor González, acadêmico da Universidade de Alba e especialista em saúde mental, explica que “o burnout parental é uma crise silenciosa, subestimada e crescente, cada vez mais presente em nossa sociedade. O estresse crônico e a fadiga emocional que muitos pais experimentam estão causando uma desconexão com seus filhos e consigo mesmos”.
Ainda segundo Néstor, vários autores que estudaram o burnout afirmam que ele não é apenas um problema específico do indivíduo, mas sim um tema presente na sociedade. “Por isso, é imperativo promover estratégias para aliviar este estresse, pois um estado de relaxamento e felicidade certamente permite ser mais receptivo e manter a capacidade de se mostrar presente em relação aos filhos. Por esta razão, o bem-estar das famílias depende da atenção que se presta a este assunto emergente”.
Daniela Muñoz Iubini, psicóloga e acadêmica da Faculdade de Educação da Universidade San Sebastián, acrescenta que “as expectativas e a pressão social em relação ao que deveria ser uma forma adequada ou correta de criar os filhos colocam sobre os pais uma pressão constante e um sentimento de não estar cumprindo com os padrões sociais, o que aumenta os sentimentos de culpa e frustração constantes, representando o chamado ‘burnout’ parental”.
“É muito importante que os pais e mães compreendam que, para proteger a infância e cuidar de seu próprio desenvolvimento e das crianças, é preciso focar no estado emocional de quem cria e na capacidade destes de empatizar, conectar e regular suas próprias emoções e as dos seus filhos. Se quiserem responder às necessidades dos seus filhos, devem priorizar sua própria saúde, o que implica, por exemplo, destinar tempo para sair com amigos ou praticar algum esporte. O descanso deveria ser considerado uma obrigação básica de quem cria, pois para poder acompanhar e educar outro, primeiro eu preciso ter resolvido minhas próprias necessidades básicas”.
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Algumas recomendações
A psicóloga Daniela Muñoz Iubini, da USS, oferece alguns conselhos que podem servir a quem se sente sobrecarregado com a tarefa de criar. Confira as dicas que podem ajudar a alcançar momentos de autocuidado:
- Identifique quais são os momentos em que se sente sobrecarregado.
- Identifique os motivos pelos quais se sente sobrecarregado neste momento.
- Antecipe-se a esses momentos de estresse, incluindo pequenas ações na sua rotina que possam ajudá-lo a chegar mais calmamente a esses momentos de estresse.
- Incorpore na sua rotina semanal pelo menos dois momentos - de trinta minutos ou de uma hora - destinados a fazer uma atividade agradável, como comer em silêncio, ouvir música, se exercitar ou conversar com alguém.
- Identifique e utilize as redes de apoio disponíveis, embora às vezes isso seja complexo.
- Aprenda a identificar as tarefas possíveis de delegar e o faça quando possível.
- Valorize as ações de autocuidado, além de pensar que elas podem implicar em muito tempo ou dinheiro.
- Dê-se tempo para desenvolver pequenos hábitos saudáveis, como beber água, lembrar-se de parar e respirar, ou até mesmo comer sentado.
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