Estilo de Vida

Este comprimido inteligente vibra para te fazer sentir saciado

O Metro conversou com Amro Alshareef, pesquisador (engenheiro mecatrônico) do MIT e co-criador do VIBES (Vibrating Ingestible BioElectronic Stimulator)

Píldora par abajar de peso VIBES de MIT
VIBES Segundo seus criadores, uma solução baseada em cápsulas oferece escalabilidade e minimização de custos, tornando-a acessível a populações de todo o mundo (MIT)

Um comprimido de alta tecnologia que começa a vibrar ao entrar em contato com o líquido gástrico do estômago do usuário e estimula os receptores para criar uma sensação de saciedade.

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P: O que inspirou o desenvolvimento da pílula VIBES?

- Queríamos encontrar um método mecânico que se baseasse nos mecanismos de sinalização naturais do organismo em um circuito fechado. A mecanoestimulação ainda não foi explorada nessa aplicação e pode oferecer uma nova modalidade que permita aumentar a eficácia, superando as limitações dos métodos atuais.

P: Em que se diferencia das soluções existentes para perder peso?

- Os tratamentos atuais da obesidade vão desde abordagens mais invasivas e cirúrgicas até soluções farmacológicas, mas geralmente envolvem custos elevados e efeitos colaterais indesejáveis. O comprimido VIBES é baseado exclusivamente na ativação dos processos naturais do nosso organismo em resposta à saciedade e pode ser fabricado a um custo de cerca de 1-2 dólares por comprimido, o que limita qualquer efeito colateral conhecido e o torna muito rentável.

P: Como é ativado e controlado o comprimido VIBES depois de ingerido?

- A pílula contém uma bateria e um resistor conectados a um motor ligado a um contrapeso em seu eixo, o que faz com que toda a pílula vibre quando ativada. Uma membrana de gelatina mantém o circuito elétrico inativo até entrar em contato com o líquido gástrico e se dissolver, ativando a eletrônica. Quando alguém come, o estômago se expande, gerando sinais vagais aferentes e uma resposta metabólica para indicar um estado de alimentação. Os músculos, incluindo os gástricos, possuem receptores de estiramento que detectam essa dilatação e podem ser ‘enganados’ com vibrações mecânicas específicas. Nós otimizamos a vibração da pílula e o momento da ativação para induzir essas respostas metabólicas, desencadeando a produção de insulina e hormônios que fazem com que alguém se sinta saciado, como o peptídeo C, Pyy e GLP-1. A pílula vibra por cerca de 30 minutos e leva em média 4 dias para atravessar o sistema gastrointestinal do porco. No caso dos seres humanos, espera-se que a pílula passe mais rapidamente.

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P: Explique-nos os aspectos de segurança da pílula VIBES.

- Todos os componentes eletrônicos estão encapsulados em uma cápsula biocompatível do tamanho de um comprimido triplo zero (aproximadamente do tamanho de um multivitamínico grande). A cápsula passa pelo organismo como qualquer outro sólido. Nos seres humanos, o tempo médio de trânsito é de cerca de 30 horas. Nos porcos, o tempo de trânsito é mais lento e varia de 4 a 7 dias.

P: Como sua equipe garante a segurança e a eficácia do VIBES, especialmente para uso a longo prazo?

Realizamos numerosos experimentos com essas pílulas tanto em porcos vivos como em amostras de tecido in vitro para verificar sua segurança e eficácia. Observamos resultados impressionantes associados a mudanças na sinalização hormonal e neurológica dos porcos, juntamente com uma redução na ingestão de alimentos, sem reações adversas aparentes. Os próximos passos do estudo incluem mais testes pré-clínicos durante períodos mais longos para controlar a perda de peso e mais estudos de segurança, que permitirão uma validação mais ampla do dispositivo de segurança em humanos.

P: É possível personalizar o VIBES de acordo com as necessidades de cada usuário?

- Embora ainda não tenhamos testado em nenhuma população humana, a pílula terá que se adaptar às diferentes necessidades e casos de uso. Prevemos uma variedade dessas pílulas que serão otimizadas para diferentes populações clínicas focadas no tratamento da perda de peso.

P: Quais são os principais desafios enfrentados ao desenvolver e testar o comprimido VIBES?

- Uma limitação é que, assim como a maioria dos tratamentos ingeríveis, não é possível controlar a pílula uma vez ingerida. No futuro, com melhores opções de alimentação sem fio e transferência de dados, prevemos poder ativar, desativar e sentir externamente a pílula dentro do corpo.

Atualmente, não estão sendo realizados ensaios clínicos em seres humanos, mas esperamos continuar aperfeiçoando o comprimido e iniciar testes clínicos em humanos em um ou dois anos.

P: Qual é o futuro reservado para a tecnologia VIBES?

- Esperamos continuar aperfeiçoando a pílula e avançar para os ensaios clínicos com humanos em um ou dois anos. Acreditamos que o VIBES tem um grande potencial, e os testes adicionais sobre a eficácia a longo prazo e os efeitos do dispositivo em humanos abrirão caminho para isso. Até que a pílula não passe por rigorosos ensaios clínicos de segurança e eficácia, ainda não estará pronta para o público.

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