Nos últimos anos, as pesquisas têm revelado como os traumas podem ter um impacto profundo na saúde mental e física das pessoas.
ANÚNCIO
A partir de uma perspectiva psicanalítica, observou-se que os traumas não resolvidos podem se manifestar por meio da somatização, um processo no qual o mal-estar emocional se expressa por meio de sintomas físicos.
Os traumas precoces podem alterar a capacidade de um indivíduo para regular suas emoções e lidar com o estresse, o que por sua vez pode levar à somatização.
Isso sugere que, quando as experiências traumáticas não são processadas adequadamente a nível psicológico, o corpo pode começar a manifestar outro tipo de sintomas como uma forma de expressar a dor emocional subjacente.
Além dos efeitos psicológicos, estudos recentes revelaram que os traumas também podem ter um impacto na informação genética.
Um estudo pioneiro publicado na revista Nature Neuroscience descobriu que o estresse e traumas podem alterar a expressão de certos genes, o que pode ter implicações de longo prazo para a saúde mental e física.
As experiências traumáticas em tenra idade podem deixar uma marca duradoura em nosso genoma, o que pode influenciar a forma como nosso corpo responde ao estresse no futuro.
ANÚNCIO
Isso implica que os traumas não só afetam o nível psicológico, mas também podem ter um impacto biológico que é transmitido a nível genético.
Os avanços na pesquisa psicanalítica e genética estão revelando a complexa interrelação entre os traumas, a somatização e a informação genética.
Compreender esses mecanismos é crucial para desenvolver abordagens terapêuticas eficazes que lidem tanto com os aspectos psicológicos quanto biológicos do trauma.
Ao fornecer um espaço seguro para processar e curar feridas emocionais, ter a ajuda profissional oferece um caminho promissor para ajudar as pessoas a superar os efeitos duradouros dos traumas e melhorar seu bem-estar geral.
Desprogramação evolutiva
Um novo método terapêutico, desenvolvido e patenteado por Vanessa Gámez e Ricardo Garza, promete decifrar e libertar as emoções ocultas e repetições transgeracionais associadas à origem de vários sintomas físicos, emocionais ou situacionais.
A Desprogramação Evolutiva, como é chamada, busca ajudar as pessoas a mudar suas vidas e transcender em sua evolução pessoal.
Esta metodologia inovadora baseia-se nos avanços da epigenética, na repetição inconsciente dos ancestrais e na psicanálise, e foca na conexão entre as emoções inconscientes e as situações de repetição transgeracional causadas pelo estresse no processo de sobrevivência.
Segundo seus criadores, a expressão dessas emoções a nível celular e epigenético influencia nas decisões que tomamos e nas mudanças que experimentamos em nosso corpo, podendo se manifestar como sintomas, desajustes orgânicos, de comportamento ou mentais.
Essa terapia se apresenta como uma proposta completamente natural e biológica, originada a partir do inconsciente, que busca resolver conflitos e recuperar a saúde de maneira eficaz, independentemente dos desconfortos que possam surgir.
Este enfoque promete ser uma ferramenta valiosa para aqueles que buscam uma abordagem terapêutica alternativa, integral e transformadora.
Ricardo Garza, pioneiro na realização dessa terapia no México, conversou com o Publimetro sobre seu projeto e como pode ajudar a resolver diversas situações adversas da vida.
Como é que começa o seu interesse em criar uma nova proposta de terapia?
Eu costumava me dedicar a coisas completamente diferentes, estudei diplomacia, idiomas estrangeiros, um mestrado em administração, mas em um ponto da minha vida eu tive um bloqueio, que não passava mesmo que eu me esforçasse, nada funcionava para mim.
Foi nesse momento que caí em uma forte desesperança e depressão, algo que acontece com muitas pessoas. E procurando respostas sobre por que pessoas que não tinham o meu nível de preparação estavam se saindo bem e eu, que sou mais acadêmico e dedicado, estava indo muito mal, ao ponto de atingir o fundo do poço.
Durante este processo, comecei a procurar opções diferentes da lógica da meritocracia, dediquei-me a explorar outras soluções e encontrei uma informação que me pareceu maravilhosa e que até hoje me tem obcecado: a epigenética e a parte da repetição inconsciente dos ancestrais.
Ambas teorias analisam como nossas vidas são literalmente condicionadas pelas de nossos ancestrais e a partir daí começaram as descobertas e a aplicação do conhecimento na vida.
Como abordam a resolução de problemas?
Nós nos concentramos em deixar de lado a parte do cérebro lógica ou consciente e trabalhamos unicamente e exclusivamente com a parte inconsciente.
Com base nas novas descobertas científicas, conseguimos aterrar a teoria a algo mais do que etéreo, nosso objetivo é chegar ao que está realmente nas células, pois como postulou o Dr. Bruce Lipton, autor do livro A Biologia da Crença, toda a informação dos ancestrais está a nível celular.
Além disso, há outras descobertas da epigenética que afirmam que o ambiente condiciona o comportamento dos seres vivos em geral, então quando começamos a ver como o inconsciente funciona, começamos a descobrir o que realmente estava tomando a decisão.
Com isso, você pode perceber que o parceiro, os filhos, a profissão, o dinheiro e os amigos são condicionados pelo inconsciente e que, na realidade, a pessoa nunca decidiu, mas sim o inconsciente fez sua escolha com base na história do que aconteceu em minha família e parte da bagagem que tenho da experiência com meus pais.
Então, a partir de tudo o que aprendi na infância, somado ao conhecimento dos meus ancestrais, já se gera o próprio conhecimento do inconsciente e a partir daí começamos a decidir que tipo de parceiro(a) queremos, quanto dinheiro vamos ganhar, em que queremos nos dedicar, com quem nos relacionamos e toda essa parte social, que é muito importante na vida de cada um, pois é literalmente o nosso caminho na vida.
Como pode ser realizada esta técnica em nós e em outras pessoas?
Existem duas maneiras: temos um curso de formação de terapeutas que dura um ano e depois temos diplomas que duram seis meses e outros de um ano, onde as pessoas terão as ferramentas para curar sua vida. Você também pode fazer terapia conosco.
Primeiramente, é preciso gerar autoconhecimento, descobrir de que forma estou conformado como ser humano, como meu próprio inconsciente me leva a tomar decisões e, com base nisso, posso me curar ou, se estiverem se preparando como terapeutas, também atender aos outros de forma profissional.
Cada pessoa deve realizar uma profunda investigação de sua própria vida e de sua família. Devem comparar suas vidas, ao mesmo tempo em que comparam suas infâncias com as de seus pais. Analisem como se relacionam como casal e vão descobrir informações muito reveladoras.
Por exemplo, problemas entre casais geralmente são coisas que aconteceram com o pai ou com a mãe na infância, a mesma queixa que eu tinha com meu pai e minha mãe na infância é a mesma queixa que tenho hoje em dia com meu parceiro, você não me dá atenção, me sinto humilhado, traído, abandonado, rejeitado.
E depois, nos problemas de economia, profissão e tudo mais, se olharmos para a vida de nossos pais, avós e tios, também vamos encontrar paralelismos com a nossa própria vida. Por isso, convido todas as pessoas a procurarem informações sobre sua própria infância e a vida de seus antepassados para descobrirem muito sobre sua própria vida.