Medicamentos anti-obesidade, como Ozempic, Mounjaro e Wegovy, estão se tornando cada vez mais populares no Brasil devido aos seus rápidos resultados na perda de peso. No entanto, pacientes enfrentam dificuldades significativas para manter o peso e os hábitos alimentares após interromperem o tratamento.
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Ellen Machado, uma arquiteta de 32 anos, relata que sua batalha contra o peso começou na adolescência, exacerbada pelo uso de antidepressivos que aumentaram seu apetite e desaceleraram seu metabolismo. Durante a pandemia de Covid-19, Ellen ganhou 10 quilos em dois meses, levando-a a procurar Ozempic. Em dois meses, ela perdeu 12 quilos, mas, após um ano de uso, interrompeu o tratamento e rapidamente ganhou 15 quilos devido ao retorno do apetite voraz.
A realidade pós-tratamento
O Ozempic, originalmente desenvolvido para tratar diabetes tipo 2, também tem sido usado off label para perda de peso. No Brasil, o medicamento pode ser adquirido sem receita médica, o que facilita o acesso, mas também aumenta o risco de uso inadequado. Mariana, uma empresária de 48 anos, também enfrentou desafios similares. Ela perdeu 13 quilos em três meses usando Ozempic, mas, devido ao alto custo do medicamento, interrompeu o tratamento e recuperou rapidamente o peso perdido.
Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), destaca que a obesidade é uma doença crônica e que a manutenção do peso após o uso de medicamentos requer mudanças contínuas no estilo de vida, incluindo atividade física regular e uma alimentação equilibrada. Alexandre Gomes, especialista em segurança da informação, conseguiu manter o peso após o tratamento com Wegovy, devido à combinação do medicamento com uma nova rotina de exercícios e alimentação, supervisionada por um médico.
Considerações finais e recomendações
Wandemberg Filho, nutrólogo, enfatiza que medicamentos contra a obesidade não devem ser vistos como soluções mágicas, mas sim como parte de um plano abrangente para hábitos saudáveis. Ele alerta contra o uso indiscriminado e sem orientação médica desses medicamentos. Cynthia Valério, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), reforça que o tratamento deve ser personalizado e, em alguns casos, o uso dos medicamentos pode ser necessário por toda a vida.
Fonte: O Globo