O governo voltou atrás e decidiu suspender por três meses o aumento da carga tributária de bebidas frias. O adiamento, previsto antes para junho e postergado para setembro, tem como objetivo evitar aumento de preços durante a Copa do Mundo.
“Temos grande preocupação que a inflação permaneça sob controle e esse setor pode dar contribuição importante. Fizemos um pacto de que não haverá aumento de preços durante a Copa”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
A decisão foi anunciada ontem após encontro do ministro com representantes do setor de bebidas frias (cervejas, refrigerantes, isotônicos e refrescos). Antes da reunião, representantes do setor haviam dito que ocorreria reajuste de preços, além de demissão de cerca de 200 mil trabalhadores, caso o governo não suspendesse o aumento de tributos.
A previsão da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) era de um impacto de 10% a 12% no preço para o consumidor com a elevação de impostos. Em abril, quando foi feito o anúncio do aumento de tributos, a Receita Federal havia projetado um repasse médio de 2,25%.
Além de não reajustar preços, segundo o ministro, o setor se comprometeu em continuar expandido e não fazer demissões.
O adiamento da alta nos tributos incidentes sobre bebidas pode ajudar o governo a controlar a inflação, que está próxima do teto da meta de 6,5%. Por outro lado, a elevação de impostos é necessária para o governo central aumentar a arrecadação e cumprir o superávit primário, a economia para pagar os juros da dívida, de R$ 80,8 bilhões, ou 1,55% do PIB.
Com o aumento da carga tributária sobre bebidas, havia a expectativa de gerar receitas extraordinárias de R$ 1,5 bilhão. Mantega não explicou como fará para compensar o prejuízo. “Vamos refazer os cálculos e isso vai ser acomodado dentro de nossas disponibilidades”, afirmou
O ministro indicou ainda que a alta dos impostos sobre bebidas, quando ocorrer, será escalonada. “Não ficou definido em quanto tempo escalonaremos essa correção. A aplicação plena da tabela se dará ao longo do tempo, mas ainda vamos discutir isso com o setor.”