Militantes sunitas iraquianos assumiram nesta quinta-feira o controle de uma cidade situada a apenas uma hora da capital do país, Bagdá. A região abriga quatro campos de gás natural.
O avanço dos insurgentes sunitas preocupa o governo do premiê Nuri al-Maliki e o Ocidente, à medida em que se apoderam de grandes e importantes áreas ao norte e a oeste de Bagdá. Nesta quinta, o chanceler britânico, William Hague, chegou a Bagdá para pedir união aos iraquianos.
A ofensiva rebelde lançada durante a noite de quarta-feira incluiu Mansouriyat al-Jabal, onde há campos de gás operados por empresas estrangeiras, segundo fontes do setor de segurança. Os combates ameaçam fragmentar o país, dois anos e meio após o fim da ocupação norte-americana.
A insurgência é liderada pelo EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante), grupo linha-dura dissidente da Al Qaeda, mas inclui outras organizações islamitas sunitas que acusam Al-Maliki de ter marginalizado essa corrente do Islã em seus oito anos no poder.
A presidência do Iraque anunciou que o Parlamento realizará uma sessão na próxima terça-feira, 1º de julho, um primeiro passo para a formação de um novo governo que a comunidade internacional espera ser suficientemente inclusivo para minar a insurgência.
Ataque sírio
Al-Maliki disse à agência de notícias britânica BBC que “recebe favoravelmente” os ataques realizados esta semana pelo Exército sírio contra os insurgentes. Ele disse, entretanto, que Bagdá não pediu que fossem realizados.
A ofensiva contra o EIIL ocorreu na terça-feira em território sírio, perto da fronteira entre os dois países. A BBC chegou a dizer que Al-Maliki teria afirmado que o ataque ocorrera em território iraquiano, mas revisou a tradução. Segundo a agência, o premiê afirmou que a investida contra os sunitas ocorreu “do lado sírio da fronteira”.
Indianos se alistam para defender locais sagrados
Milhares de muçulmanos da Índia se alistaram para defender santuários sagrados do Iraque, e, caso necessário, combater militantes islâmicos sunitas em um país onde o número de mortos pelo avanço dos insurgentes é estimado em 1,3 mil.
Os esforços são encabeçados pela Anjuman E. Haideri, organização religiosa xiita. Os voluntários dizem querer proteger os santuários localizados no Iraque, mas os líderes do grupo disseram que a causa deles não é sectária. Na sede do grupo em Nova Déli havia cartazes com a inscrição “Não é xiitas x sunitas, é iraquianos x terroristas”.
“Eles (insurgentes) não são muçulmanos. Jihad significa defender, não significa matar”, disse Syed Bilal Hussain Abidi, proeminente membro do grupo, ao mostrar imagens de decapitações e bombas explodindo no Iraque. “Podemos viajar para o Iraque para formar uma corrente humana para salvar pessoas da tortura, buscar água, doar sangue e fazer qualquer coisa para salvar nossos santuários”, disse.
A Índia tem a terceira maior população muçulmana do mundo, com 175 milhões de pessoas. Eles são uma minoria no país, com apenas 15% dos indianos.
Chineses
A China disse nesta quinta que ainda estava tentando retirar um grupo de cerca de mil trabalhadores chineses do Iraque, em coordenação com Bagdá para garantir a segurança deles.
Segundo uma porta-voz da chancelaria em Pequim, há mais de 10 mil trabalhadores chineses no Iraque. A maioria está em áreas seguras do país.