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Empresários sugerem troca direta de moeda entre os Brics

Para De La Rosa, medida trará redução de custos | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Para De La Rosa, medida trará redução de custos | Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Empresários dos países que compõem os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vão apresentar nesta terça-feira, na reunião de chefes de Estado do grupo, sugestões para aprimorar a economia do bloco. Uma das propostas é permitir a troca direta de moedas entre os países em transações comerciais.

A operação deverá ser feita no âmbito do Banco de Desenvolvimento do Brics, que deve ter sua criação formalizada nesta terça. “Isso vai permitir que, se eu tiver que fazer uma remessa à Índia, eu não tenha que converter [o valor] em dólares e depois em rupias, gerando custos de transação. Assim, teremos pequenas baixas que diminuirão o custo financeiro de operação”, explicou o presidente da sessão brasileira do Conselho Empresarial do Brics, Rubens De La Rosa.

Para o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade, o banco será importante para todas as empresas dos cinco países, principalmente por permitir que investimentos entre eles tenham mecanismos de financiamento internacional com garantias dadas pelas matrizes das empresas.

“Esse mecanismo será fundamental para aumentar o número de empresas brasileiras com investimentos no exterior”, afirmou Andrade.

Os empresários vão sugerir também medidas para facilitar a emissão de vistos de negócios e a redução das barreiras não tarifárias, como restrições técnicas e fitossanitárias. Mais de 700 empresários dos países do bloco participaram do encontro organizado pela CNI, realizado paralelamente à 6ª Cúpula dos Brics, que acontece em Fortaleza. 

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Para Gerdau, um possível problema político para o Brics é o risco de perder relevância | Ségio Lima/Folhapress

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Banco do Brics vai criar uma base de sustentação para bloco, diz Gerdau
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter disse nesta segunda-feira que considera “interessante” a proposta de criação de um banco de desenvolvimento do Brics, bem como as discussões sobre a evolução do bloco, porque, possivelmente, se criará uma base de sustentação financeira para projetos conjuntos dos cinco países formam o grupo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Para Gerdau, cada país tem características próprias e a possibilidade de aproximação cria oportunidade.

Mais de 700 empresários dos cinco países estão em Fortaleza para debater temas ligados ao comércio e aos investimentos entre os membros do grupo. Eles também terão encontros com os ministros de Finanças e de Comércio e presidentes de bancos centrais e de desenvolvimento de seus países.

Sobre a possibilidade de o banco do Brics vir a se contrapor ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial nas questões de interesse do bloco, Gerdau evitou polemizar sobre o assunto, mas destacou que, no sistema financeiro, a soma capitais consegue conjugar recursos. “É importante para projetos maiores, inclusive de infraestrutura, ter retaguarda financeira. Quanto maiores as possibilidades e as perspectivas financeiras, maior a flexibilidade de solucionar projetos”, destacou o empresário brasileiro.

Perguntado por jornalistas se o fortalecimento do Brics não era uma forma de enfrentar o excesso de poder dos Estados Unidos, inclusive no FMI, Gerdau pôs panos quentes e disse acreditar que, no caso do Brasil, quanto maior a diversidade de relações, melhor para o país. “Alguns países do Brics veem nisso uma forma de se contrapor aos Estados Unidos, mas eu diria que, para o Brasil, com sua diversidade, quanto mais portas abertas, melhor.”

Segundo o empresário, para um país com as dimensões do Brasil, é importante ter uma política e uma mentalidade de abertura ampla. “Quanto mais oportunidades se criam, justamente para os países do Brics, que potencialmente são países com condições e espaço de crescimento, essa relação é extremamente importante.“

Para Gerdau, um possível problema político para o Brics é o risco de perder relevância, já que outros blocos têm surgido com mais rapidez, como o Mist (México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia). O empresário diz que são iniciativas relevantes e ressalta que esse  é um bom motivo para que os membros do Brics se reúnam e identifiquem suas limitações e problemas, a fim de enfrentá-los e combatê-los.

“Existem muitas coisas semelhantes nesse mercado global. Debater porque os nossos países têm  dificuldades maiores, ou não, são assuntos interessantes para serem discutidos”, acrescentou.

Na eventualidade de a declaração final do encontro não conter temas como democracia e liberdade de expressão, Gerdau destacou que estes já são princípios incorporados na filosofia de vida e de trabalho dos brasileiros, que estão, inclusive, na Constituição.

“São valores, e valores a gente tem que perpetuar. Não devemos abrir mão de nossas posições. Cada um que decida dentro da sua visão. A nossa é que devemos estar sempre firmes nesta linha”, concluiu Gerdau.

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