Há quatro anos, o otimismo com a realização da Copa do Mundo no Brasil era grande. Projeções de bancos e consultorias apontavam para um reforço de 1,5% na economia só com o torneio. Agora, economistas esperam um efeito praticamente nulo no PIB.
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Ainda não há números oficiais sobre o impacto do evento. Estimativas preliminares divulgadas na semana passada pelo governo apontavam para uma injeção de R$ 30 bilhões na economia.
“O certo é que as expectativas iniciais, para lá de otimistas, não se confirmaram”, diz Alexandre Espírito Santo, economista da Simplific Pavarini e professor do Ibmec-RJ.
Segundo o economista, calcula-se que um evento da dimensão da Copa, em média, acrescente ao PIB do país-sede entre 0,5% a 1% no ano da realização. No caso do Brasil, a sua previsão é de um ganho entre 0,1% e 0,3%.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, é difícil mensurar o impacto no PIB, pois não há como medir os ganhos com gastos dos turistas em um período curto. “Inclusive, é possível que haja saldo negativo ao contabilizar todo o investimento realizado pelo país para realizar o evento, desde os estádios até a mobilização da segurança das equipes.”
Durante o evento, setores ligados a segmentos de lazer e turismo, como bares e os hotéis das cidades-sede, foram os principais beneficiados com a Copa. Na indústria, os fabricantes de televisores e cerveja também comemoram o crescimento nas vendas.
Mas a indústria em geral e o varejo não ligado ao torneio, que já vem demonstrando sinais de fraqueza neste ano, sofreram com os feriados e paralisações provocados pelas partidas. “Cada dia parado com os jogos do Brasil representou algo em torno de R$ 20 bilhões a menos de produção por dia. No balanço geral, se [a Copa] contribuiu, foi muito pouco, mas a percepção mais forte é de que não”, disse o professor do Insper Otto Nogami.
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Por outro lado, Nogami ressalta que a Copa contribuiu para estimular setores importantes, como a construção civil. “Permitiu a manutenção da empregabilidade num cenário recessivo e contribuiu para a manutenção da taxa de crescimento num patamar positivo”, diz.
Os economistas destacam ainda o impacto positivo dos investimentos feitos em mobilidade urbana e aeroportos, mesmo abaixo do nível desejado. “Isso é o lado positivo. Todavia, muita coisa ficou incompleta ou nem saiu do papel. Também questiona-se os custos exorbitantes de algumas dessas obras”, diz Alexandre Espírito Santo.