A presidente Dilma Rousseff buscará descentralizar o poder e dividir as responsabilidades pelas decisões de governo.
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Para ficar mais disponível ao diálogo — postura que quer deixar como uma das marcas do segundo mandato –, a petista se cercará de ministros de confiança para áreas consideradas estratégicas e mais sujeitas às críticas e fragilidades nos últimos quatro anos.
O “núcleo duro” – modelo adotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — ocupará ministérios que exigem convivência diária com a presidente. Pelo menos cinco nomes surgem como emergentes, seja pela proximidade histórica com Dilma, seja pelos resultados apresentados na campanha. O seleto time ainda terá mais um representante destacado: o novo ministro da Fazenda. O nome, no entanto, é guardado a sete chaves. Para evitar vazamentos, até o perfil escolhido é sigiloso.
Estratégico
Além do comando da política econômica, a relação com o Congresso Nacional é apontada como ponto nevrálgico. No campo político, Dilma trabalha para mitigar o “toma lá-dá cá”, impedindo que os deputados e senadores troquem apoio ou façam rebeliões em troca de cargos ou emendas parlamentares sem ao menos olhar a capa do projeto e votar contra sem entender sua importância para o país.
Internamente, Jaques Wagner se prepara para assumir a missão como ministro das Relações Institucionais, cargo já ocupado em 2005 durante o governo Lula.
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Reforma ministerial
Dilma retornou neste domingo de um breve período de descanso na Bahia e intensificará as reuniões com presidentes e líderes de partidos da base aliada no Congresso. As mudanças, que podem atingir até 19 dos 39 ministérios, deverão vir de uma vez. O anúncio está sendo preparado para o início de dezembro.
A presidente espera ouvir os políticos aliados, mas também informar que, no novo governo, fará rodízio de pastas e dará prioridade a quadros partidários com perfil mais técnico do que político.
O PT será pressionado a diminuir a participação, hoje em 17 ministérios. O PMDB quer comandar mais do que as cinco pastas atuais. O PSD, de Gilberto Kassab, e o Pros, de Ciro Gomes, desembarcarão no primeiro escalão.
Abrigo do derrotados
O insucesso das urnas trouxe à mesa da presidente um malote de currículos de políticos experientes que deverão buscar uma vaga no novo governo. Na cabeça da lista, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, saiu derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte.
O atual presidente da Câmara não sabe há 44 anos o que é ficar fora de um cargo público e deverá ser abrigado. O mais provável é substituir o seu tio, senador Garibaldi Alves, no Ministério da Previdência. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, ficará desempregado a partir de 31 de dezembro porque não foi reeleito. Tarso conta com a amizade com a presidente para se reposicionar.
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que não foi reeleito, e o candidato derrotado ao governo de São Paulo Alexandre Padilha têm o futuro indefinido.
Ajuda dos ‘três porquinhos’
Recém-eleita em 2010, a presidente Dilma Rousseff dividia com José Eduardo Cardozo, Antônio Palocci e José Eduardo Dutra as decisões mais importantes durante o governo de transição.
O trio de coordenadores de campanha ganhou o apelido de “três porquinhos”. A referência para se dirigir aos personagens acomodado, intermediário e prático da Disney acabou agradando e foi adotada de forma positiva pela presidente.
Hoje, os “três porquinhos” estão separados. Cardozo segue no governo como ministro da Justiça, mas perdeu um pouco do prestígio.
Palocci foi demitido, acusado de multiplicar o patrimônio em consultorias, atua como consultor e nem pensa voltar à vida pública. Dutra retornou à Petrobras, onde já foi presidente entre 2007 e 2009, e hoje é diretor corporativo da empresa.