A terceira reunião entre Estados Unidos e Cuba para o restabelecimento de relações diplomáticas após meio século foi celebrada na segunda-feira em Havana em um clima construtivo e de respeito. Os dois países decidiram manter a comunicação no futuro, informaram as partes nesta terça-feira. Essas negociações, a portas fechadas e cercadas de grande reserva, destinadas a preparar a reabertura de embaixadas, contaram com a participação da chefe da diplomacia americana para a América Latina, Roberta Jacobson, e da diretora dos Estados Unidos da chancelaria cubana, Josefina Vidal.
«No dia 16 de março ocorreu em Havana um encontro entre delegações de Cuba e dos Estados Unidos para discutir temas específicos relacionados ao processo de restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países», disse a chancelaria cubana em um comunicado. Ela acrescentou que «ao fim do encontro, que transcorreu em um clima profissional, as duas delegações acordaram manter a comunicação no futuro como parte deste processo».
«A discussão de ontem, positiva e construtiva, foi sustentada em uma atmosfera de respeito mútuo. Esteve focada no restabelecimento das relações diplomáticas e na reabertura de embaixadas», disse um porta-voz do Departamento de Estado.
Essa foi a terceira reunião desde que os dois países anunciaram em dezembro sua decisão de restabelecer relações diplomáticas, saudada pelo mundo inteiro. Os encontros anteriores ocorreram em Havana em janeiro e em Washington em fevereiro, também liderados por Jacobson e Vidal.
Diferentemente dos dois encontros anteriores, nenhuma das duas funcionárias falou com a imprensa na segunda-feira em Havana.
Disputa pela Venezuela
O presidente americano, Barack Obama, busca a reabertura das embaixadas antes da Cúpula das Américas, prevista para os dias 10 e 11 de abril no Panamá, à qual Cuba foi convidada pela primeira vez, mas as sanções adotadas na semana passada por Washington contra a Venezuela podem frustrar esses planos.
Havana se apressou em sair em defesa de seu forte aliado político e econômico, acusando Washington de intervir em assuntos internos de Caracas, ao mesmo tempo em que classificou essas sanções de arbitrárias e agressivas, além de não ter qualquer fundamento.
Fidel Castro afirmou nesta terça-feira que a Venezuela está preparada, tanto no campo diplomático, quanto no militar para enfrentar a política insólita de ameaças e imposições dos Estados Unidos, em carta dirigida ao presidente Nicolás Maduro.
A Venezuela «declarou de forma precisa que sempre esteve disposta a discutir de forma pacífica e civilizada com o governo dos Estados Unidos, mas nunca aceitará ameaças e imposições deste país», disse Castro na carta, a segunda que envia a Maduro em uma semana.
Para além do tema venezuelano, Jacobson e Vidal devem superar certas divergências, principalmente sobre a presença de Cuba em uma lista americana de países que apoiam o terrorismo.
Havana exigiu sua retirada da lista como condição para a reabertura de embaixadas. Washington já iniciou a revisão do caso, mas não há data para sua conclusão. Os dois países planejam se reunir novamente no fim de março para abordar, pela primeira vez, o sensível tema dos direitos humanos.