Brasil

Planalto isola Cunha e vai evitar confronto

A presidente Dilma Rousseff quer evitar trincheiras entre o Palácio do Planalto e o Congresso após a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que na sexta-feira migrou para a oposição. Na reunião de coordenação política de ontem, Dilma ressaltou que alimentar o confronto poderia fortalecer Cunha, de quem espera uma “postura republicana, colocando os interesses da nação acima das divergências”. “Nós faremos tudo o que estiver ao nosso alcance, e entendemos que o Legislativo também fará, para que essas relações sejam harmoniosas”, resumiu o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha.

Por avaliar ser uma decisão pessoal, o governo deixará Eduardo Cunha sob responsabilidade do PMDB. O vice-presidente da República, Michel Temer, terá papel estratégico para evitar que o deputado reaja com uma “pauta- bomba na volta dos trabalhos parlamentares, em 3 de agosto. O presidente da Câmara quer analisar os pedidos de impeachment e liberar a análise de contas antigas para abrir caminho ao julgamento das “pedaladas fiscais” de 2014, em julgamento no TCU (Tribunal de Contas da União). “Não estamos querendo tacar fogo no país, nenhuma pauta-bomba”, assegurou Cunha.

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Acareação

No retorno do recesso, Cunha poderá ficar frente a frente com o delator Júlio Camargo, da empresa Toyo Setal. O empresário diz ter pago US$ 5 milhões ao deputado em um contrato de navios-sonda da Petrobras. O PPS protocolou ontem um pedido de acareação na CPI da Petrobras. “A CPI não pode proteger este ou aquele personagem político”, justificou  Eliziane Gama (PPS-MA).

Cunha afirma que aceita a acareação, mas desafiou Dilma a ficar frente a frente com o doleiro Alberto Youssef e os ministros Edinho Silva (Comunicação Social) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), com o empresário Ricardo Pessoa. “Acho oportunista querer falar em acareação. Estou disposto a fazer em qualquer tempo. Aproveitem e convoquem todos os que estão em contradição”, desafiou.

Renan

O governo procurou minimizar o vídeo feito pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que disparou críticas. “O governo passa por uma crise de credibilidade. Estamos na escuridão, assistindo a um filme de terror sem fim”, avaliou. “É normal que um aliado faça críticas”, disse Padilha.

Casa Civil

Defendida por uma ala do PT como solução da crise, a saída de Aloizio Mercadante da Casa Civil e a substituição por Jacques Wagner, hoje na Defesa, foi descartada pelo governo. “Este assunto está por conta do anedotário da política”, ironizou Wagner.

Lula

Dilma pediu atenção dos ministros à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Ministério Público Federal pediu a abertura de inquérito com a acusação que Lula cometeu tráfico de influência para beneficiar contratos da Odebrecht. 

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