Um dos principais incômodos provocados pelos mosquitos, o zumbido, pode ajudar no combate ao atual inimigo número 1 da população brasileira, o Aedes aegypti, transmissor da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya.
Pesquisadores do ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação), da USP de São Carlos, no interior de São Paulo, desenvolveram uma tecnologia que, por meio do som gerado pelo bater de asas, permite identificar a espécie e saber se é macho ou fêmea.
Um dos responsáveis pela pesquisa, o professor Gustavo Batista, conta que o dispositivo surgiu da experiência realizada em plantações com o uso de folhas e adesivos para identificar pragas e de filmes de espionagem. “Nas plantações, as folhas são colocadas para fazer uma contagem dos insetos. No caso dos filmes, tiramos a ideia do uso do laser para captar o movimento e fazer essa contagem. Um fototransistor identifica a espécie pelo som gerado pelo bater das asas.”
Com essa base, os pesquisadores criaram uma caixa que, por meio de um sensor e um feixe de laser, permite a realização de “censo” dos mosquitos existentes em uma determinada região de um bairro. “No caso do Aedes, é possível, pelo som das asas, identificar quantas fêmeas – responsáveis pela transmissão dos vírus – foram atraídas, e ter um mapeamento do potencial de epidemia de dengue ou possíveis infectados pelo zika vírus.”
Batista destaca que o equipamento ajudará no planejamento de ações de conscientização da população e a evitar a proliferação dos criadouros. Ele lembra que o Aedes aegypti consegue voar por uma distância máxima de um quilômetro, o que torna impossível a transmissão do vírus por mosquitos de outras regiões.
O desenvolvimento do sensor de identificação do som conta agora com financiamento do Google. Batista acredita que o equipamento poderá ser comercializado por R$ 200. METRO