Em um terceiro depoimento dado à Corregedoria da Polícia Militar, o menino de 11 anos que presenciou o amigo de dez anos ser morto pela PM voltou a mudar sua versão e agora afirma que a dupla não estava armada quando foi cercada pelos policiais em um carro furtado na Vila Andrade, zona oeste de São Paulo, na última quinta, dia 2.
Diante das versões conflitantes, a Polícia Civil vai ouvir novamente o menino e a Ouvidoria da Polícia quer mais explicações sobre a ação policial.
Segundo o novo depoimento, o revólver calibre 38, apontado pelos PMs como tendo sido utilizado contra os agentes foi colocado por policiais no carro após a morte do garoto.
Inicialmente, o menino havia confirmado a versão dos policiais. Segundo eles, o garoto de dez anos dirigia o veículo furtado e atirou duas vezes contra os PMs.
Quando o carro parou, ele teria disparado uma terceira vez e terminou morto com um tiro no rosto, quando os policiais responderam à agressão em legítima defesa. Esta versão também foi gravada em vídeo, supostamente feito por PMs.
Depois, num segundo depoimento, o menino disse que houve troca de tiros, mas que o amigo não teria atirado quando o carro já estava parado.
Ontem, a mãe do garoto morto também prestou depoimento e afirmou que o filho não usava arma e nem sabia dirigir.
Os PMs que participaram da ação serão os últimos envolvidos a serem ouvidos pela Polícia Civil, que aguarda os laudos de necrópsia, de toxicologia e da cena da morte para decidir se será feita uma reconstituição.
De acordo com o advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, será feito um pedido à Justiça para que o menino seja incluído no programa de proteção à criança e adolescente ameaçados de morte.
A Secretaria da Segurança Pública informou que as versões estão sendo apuradas por meio de inquéritos policiais. O comandante-geral da PM, o coronel Ricardo Gambaroni, disse que a reação dos policiais foi “legítima e proporcional”.