Com a crise política provocada pela divulgação de conversa do presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista sem dar sinal de amainar, a cadeira no Palácio do Planalto começa a ser cada vez mais cobiçada.
Mesmo com o avanço do desgaste, Temer tem repetido que não haverá renúncia, e, mesmo mantendo o respaldo de PMDB, PSDB e DEM, vê parte dos aliados vazar que está em negociação uma ‘saída honrosa’ para o caso de a situação do presidente se agravar e já debater em reservado nomes (veja quadro) para concorrer numa eventual eleição indireta, onde apenas os 513 deputados e 81 senadores são os eleitores.
Perfil do candidato
Um jantar na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) anteontem reuniu parlamentares de PT, PSD, PTB e dissidentes do PMDB e teve como prato principal do cardápio uma discussão de forma mais enfática do perfil deste hipotético presidenciável: deve ser político e ter o aval dos ex-presidentes Fernando Henrique, Luiz Inácio Lula da Silva e José Sarney.
PEC das Diretas
A oposição tenta aprovar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que permita eleição direta, com a participação de toda a população, mas as chances de aprovação, são remotas – e exigiria tempo. Ontem, uma proposta avançou na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. O senador Lindbergh Farias (RJ) fez a leitura do relatório, o que permite a votação na próxima semana. O texto precisa passar por dois turnos no Senado e na Câmara.
Solução TSE
Aliados estão convencidos de que a melhor saída para a crise é a cassação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer. O julgamento está marcado para começar em 6 de junho.
Confirmada a expectativa de resultado desfavorável, os aliados, sobretudo, o PSDB, devem abandonar o governo. Neste caso, Temer seria convencido a desistir de recursos no TSE e no STF (Supremo Tribunal Federal), o que aceleraria a transição. Interino na presidência da República, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria 30 dias para organizar as eleições.
Busca de apoio
Temer conseguiu ontem reunir 18 dos 22 senadores do PMDB e reforçou que pretende se defender no STF. “O presidente afirmou e reafirmou o seu propósito de continuar fazendo as reformas”, contou o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Crítico do governo e defensor da renúncia do presidente, o líder do partido, Renan Calheiros (PMDB-AL), não foi convidado ao encontro.