Uma vez na semana Graziella, que tem paralisia cerebral, fazia um tratamento na Associação de Equoterapia de Campinas, no interior de São Paulo. O tratamento é essencial para a manutenção de sua qualidade de vida. Porém, desde o dia 19 de abril o serviço não é mais oferecido pela Secretaria Municipal de Saúde, em mais um efeito da crise financeira pela qual passa a prefeitura.
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Segundo o vice-presidente da entidade, Luiz de Paula Goes, 50 crianças tiveram o tratamento suspenso desde o dia 19 de abril, quando o contrato entre a entidade e a Saúde acabou. “Participamos de uma licitação e como somos a única entidade que tem todas as exigências legais, ganhamos, mas até agora a prefeitura não deu nenhum retorno”, disse ele.
O contrato que está em análise prevê um custo mensal de certa de R$ 26 mil. São estimados 200 procedimentos mensais ao custo individual de R$130,00/mês, sendo que cada criança faz meia hora de terapia com o uso do cavalo, assistida por uma equipe formada por fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, pedagoga, entre outras. “Não demitimos ninguém neste período e estamos tentando manter dentro do possível”, disse Goes.
Segundo ele, os pacientes são encaminhados pelo Centro de Referência e Reabilitação de Sousas. “O tratamento auxilia na recuperação motora, equilíbrio e autoestima. Numa montaria de meia hora, por exemplo, a cada 50 passos do cavalo, a pessoa recebe 18 mil estímulos”, explicou ele.
Sandra Murarolli é mãe da Graziella, de 9 anos. Aos três anos a neurologista da menina, que tem paralisia cerebral, indicou a equoterapia que a criança passou a fazer uma vez por semana, às quartas-feiras, às 10h, por quarenta minutos e mostrou evoluções claras. “A Graziela fez isso semanalmente por seis anos. Foi um período em que ela foi ajudada pelos mesmos profissionais e a terapia está fazendo muita falta”, disse a mãe.
Liliane Lima da Silva é dona de casa e mãe do Lucas, de oito anos. Com paralisia cerebral, ele começou a fazer equoterapia por indicação do neurologista aos quatro anos. “Foi um corte abrupto de uma terapia que ele aproveitou e gostava muito. Ele teve vários ganhos, como por exemplo, maior controle do tronco. Tenho medo dele perder isso com esse corte”, afirmou a mãe.
Por meio de nota, a Prefeitura de Campinas informou que “o contrato com o prestador de serviço de equoterapia está sendo analisado”. Ressaltou ainda que “todos os pacientes são acompanhados no Centro de Referência em Reabilitação e recebem toda a assistência convencional necessária”
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Camprev vai reduzir dois contratos de segurança
A necessidade de reduzir os custos da máquina administrativa em razão da queda na arrecadação tem levado a Prefeitura de Campinas a rever contratos e suspender serviços em série.
A última medida neste sentido se deu ontem, quando o Camprev – Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Campinas – anunciou a revisão de dois contratos de prestação de serviços com empresas de segurança.
Um deles, com a Gocil Serviços Gerais Ltda., cujo contrato foi reduzido em 20% – caiu de 805 mil para R$ 638 mil. Já o contrato da empresa Dunbar Serviços de Segurança Eireli, o corte foi de 30% – foi de R$ 824 mil para R$ 576 mil.
Na semana passada, numa outra indicação de que a prefeitura não tem mais fôlego para pagar fornecedores, a Secretaria de Serviços Públicos decidiu reduzir os contratos com as empresas que fazem manutenção de praças e parques e a que faz a poda e remoção de árvores.
Antes, já havia feito o parcelamento dos salários dos servidores por indisponibilidade de caixa.