O cenário hídrico da região atendida pelo PCJ (Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) vai exigir investimentos e conscientização nos próximos anos. A revisão do Plano de Bacias estima que em 2035 a demanda de água chegue a 63 m3/s, 61% a mais do que os atuais 39 m3/s. O número foi divulgado após a primeira Consulta Pública sobre cenários futuros do Plano, realizada na Unesp, em Rio Claro.
A alta tem relação direta com o crescimento da população e a evolução da economia regional.
O problema desse crescimento é que não há novas fontes de água para abastecimento. Portanto, a construção de novos reservatórios é uma das medidas mais importantes para se chegar ao índice, segundo Flávio Forti Stenico, engenheiro e assessor técnico do Consórcio PCJ. “As projeções trazem preocupação com a disponibilidade hídrica. Com a construção dos reservatórios de Pedreira e Amparo, por exemplo, já teríamos um bom reforço. Seríamos capazes de receber pelo menos mais 7m3/s de vazão para a região”, informou. Esses dois reservatórios já receberam sinal verde do governo do Estado, com investimento de R$ 782 milhões, por meio de um convênio assinado pelo DAEE e o CAF (Banco de Desarrollo da América Latina).
Outro ponto defendido é a importância da construção de um terceiro reservatório, do Ribeirão Piraí, em Salto, que já está em estudo. Ele atenderia a região de Indaiatuba e iria ao encontro do crescimento da demanda de água com o crescimento do aeroporto de Viracopos, por exemplo.
Para que a conta feche, outras medidas deverão ser tomadas até lá, segundo Stenico, como a redução de perdas na distribuição de água. “Hoje a média da região está em 37%. Isso é abaixo da média nacional, que chega a 50%, mas ainda é muito alta. Temos realidades já avançadas como em Limeira e Campinas, mas a maioria das cidades ainda precisa evoluir”, comenta. Campinas tem índice de 19,2% em perdas e já anunciou investimento de R$ 415 milhões na troca de rede e outras medidas para buscar chegar a 15% de índice de perdas. Os padrões internacionais apontam perda aceitável entre 15% e 20%.
Até lá, segundo o assessor, outro passo a ser dado é a conscientização sobre o consumo responsável, que terá parcela importante na hora de gastar o recurso. “Com a população crescendo 5% em média ao ano, não teremos novas fontes de água. Então, é importante que as pessoas tenham consciência na hora de usar”, explica.
Vazão para o verão
A vazão média máxima de 10m3/s vale para o período de estiagem, que termina no dia 30 de novembro. A partir daí, a medição adotada é alterada.
No formato que passa a vigorar, é considerado a vazão mínima de 10m3/s no ponto de medição de Valinhos, no Rio Atibaia, e de 2m3/s no Rio Jaguari. Caso essas vazões estejam abaixo, é liberado a quantia necessária de água do Cantareira para a região.