O presidente Michel Temer volta a ser julgado hoje pelo plenário da Câmara, que analisa a denúncia por obstrução de Justiça e participação em organização criminosa. Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral) também foram denunciados por organização criminosa.
Em agosto, Temer conseguiu derrubar a denúncia por corrupção passiva com 263 votos favoráveis. Embora otimista com nova vitória, o governo trata a votação de hoje como um termômetro para as pretensões futuras do governo.
Um placar mais baixo demonstra enfraquecimento, mas será passível de punição, com retirada de cargos e diminuição do fluxo de liberação de emendas parlamentares. “Quem não votar com o governo é oposição”, alertou Beto Mansur (PRB-SP).
Na caça aos votos, Temer ampliou o repasse de emendas parlamentares, prometeu cargos e fez concessões, como a portaria com novas regras para fiscalização do trabalho escravo e, ainda ontem, a sanção do projeto do novo Refis, que renegocia dívidas.
Briga pelo quórum
Após mapear bancada a bancada, Temer espera que a sessão, marcada para começar às 9h, atinja o quórum de 342 presentes o quanto antes para iniciar a votação.
A oposição, porém, tenta outra estratégia. Ao contrário de agosto, quando os oposicionistas ajudaram a encher o plenário, a ordem agora é aguardar o máximo e, se houver votação, que ocorra à noite. “Acreditamos que, se a sessão cair, com mais uma semana ou dez dias nós conseguiremos criar o ambiente necessário e contaminar de forma positiva nossa população contra Temer”, afirmou o líder do PDT, deputado Weverton Rocha (MA).
Ontem, uma lista com 200 deputados dispostos a se ausentarem da sessão circulou pela Câmara.
Leitura
Para um plenário vazio, a segunda-secretária da Câmara, Mariana Carvalho (PSDB-RO), fez ontem, durante uma hora e 10 minutos, a leitura do parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que recomenda a rejeição da denúncia. Temer foi notificado em seguida.
Decisão mantida
O ministro Marco Aurélio, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou pedido feito pelo PCdoB para adiar a sessão e para fatiar a análise da denúncia por crimes. Ele afirmou que a decisão cabe à Câmara.