Um dia depois de o governo de São Paulo anunciar que todos os bugios que habitavam o Horto Florestal morreram contaminados com febre amarela, um casal de macacos apareceu no parque.
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Macho e fêmea estavam no alto de uma figueira, se alimentando de frutinhos, em meio ao corredor de mata que liga o Horto ao Parque Estadual da Cantareira, bem em frente a uma estátua de São João Gualberto, considerado o protetor das florestas.
A dupla foi observada quando uma equipe de TV estava no parque justamente para contar a história dos bugios exterminados. «De repente sentimos um cheiro de fezes, olhamos para cima e estavam lá os dois, comendo», conta Marcio Port-Carvalho, chefe da sessão de animais silvestres do Instituto Florestal.
Port liderou a equipe que encontrou 67 corpos de bugios desde outubro e chegou à conclusão de que todos os 86 animais do Horto haviam morrido. Alguns deles, aliás, exatamente no local onde estava o casal, o que não o deixa muito otimista sobre o futuro dos macaquinhos.
«Infelizmente a gente não tem muita esperança que eles sobrevivam, porque o vírus está circulando, mas vamos monitorá-los», explica.
Para o pesquisador, há duas possibilidades para a origem desses animais. Pode ser que eles tenham chegado ao Horto vindos da Cantareira ou tenham passado despercebidos durante o monitoramento das últimas semanas.
«Eles estavam se alimentando, o que é um bom sinal, mas não deu para ter certeza se estão saudáveis. Como havíamos encontrado macacos mortos no mesmo local, o risco de eles estarem contaminados é grande», diz.
Ele afirma, porém, que se os animais tiverem vindo da Cantareira, isso traz uma esperança para o futuro. «Numa futura estratégia de reforço populacional, quando o vírus parar de circular, essa informação poderá ser de extrema importância, pois poderemos ver migração no futuro.»