Um dos principais símbolos andreenses e do movimento modernista na arquitetura, o Centro Cívico de Santo André, no Centro, teve seu tombamento como patrimônio da cidade homologado pela prefeitura.
O decreto publicado no início do mês é resultado de processo que já se arrastava desde 1993. O Paço Municipal, como é também conhecido, já era tombado como patrimônio estadual desde 2013 e agora ganha a proteção municipal também.
A estátua de João Ramalho e a Tapeçaria de Burle Marx foram incluídos no tombamento, itens que ficaram de fora do processo via Estado.
A homologação traz agora uma nova questão a ser resolvida pela cidade. O Comdephaapasa, conselho municipal do patrimônio, afirma ser “desejável” a remoção da escultura “Monumento ao Trabalhador”, da artista Tomie Othake. A fita vermelha é um presente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá para a cidade e está inserida no local desde setembro de 2013. Ela é uma das últimas obras realizadas pela artista, que morreu em 2015 aos 101 anos.
O vice-presidente do Comdephaapasa, Marco Moretto Neto, explica que a obra ficou fora do tombamento por não pertencer ao espaço originalmente. “Ela se destoa do conjunto e não faz parte da concepção do projeto. Então, é desejável que, em algum momento, seja removida. Mas, a homologação do tombamento não obriga essa remoção imediata e nem estabelece um prazo”, disse.
Em nota, a prefeitura informou que “não existem planos de transferência da escultura para outro local”.
A homologação limita ainda o tamanho de novos prédios no entorno do paço para até nove pavimentos, medida que impede a interferência na visualização do bem tombado.
Outro problema que envolve a preservação do Centro Cívico é a proibição de veículos estacionados no piso de mosaico português. Durante a gestão do prefeito Carlos Grana (PT), a prefeitura assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) junto ao Ministério Público e elaborou projeto para construção de estacionamento subterrâneo no local. No entanto, a primeira licitação foi impugnada e a segunda não teve empresas interessadas. Atualmente, a Prefeitura de Santo André alega que “o termo de referência está sendo revisado para realizarmos uma nova licitação”.
História
O Paço Municipal de Santo André foi projetado entre 1965 e 1968 pelo arquiteto Rino Levi com a colaboração do paisagista Roberto Burle Marx. O Centro Cívico abriga órgãos importantes para a cidade, como a prefeitura, o Fórum de Justiça e a Câmara de Santo André, além do Teatro Municipal e da Biblioteca Nair Lacerda.
Moretto Neto conta que a construção foi “extremamente arrojada e moderna” para a época.
“Foi um marco que colocou Santo André em uma condição de protagonismo como cidade desenvolvida”, afirmou.
Reforma vai até agosto
A reforma no prédio da Prefeitura de Santo André, no Paço Municipal, começou em 2015 e tinha previsão para terminar em 2016. No entanto, as obras continuam inacabadas.
A nova previsão de término é agosto deste ano.
O trabalho foi necessário após o edifício sofrer dois abalos em 2012. Para finalizar as intervenções, ainda faltam acabamento das fachadas, reforço estrutural de dois andares e o término da impermeabilização. O investimento é de cerca de R$ 20 milhões.
Vl. Mansueto aguarda homologação
Em reunião realizada em novembro passado, o Comdephaapasa decidiu por unanimidade que o Conjunto Residencial Vila Mansueto Cecchi, na Vila Assunção, também será tombado como patrimônio de Santo André. A decisão foi publicada no Diário Oficial de segunda-feira.
Agora, para oficializar o tombamento, é necessário que o prefeito Paulinho Serra (PSDB) assine o decreto, a exemplo do que foi feito com o Paço Municipal.
Os proprietários e interessados no tombamento têm 60 dias para apresentar recursos.