Um carro-bomba invadiu na quinta-feira, 17, a academia de polícia Escola General Santander, em Bogotá, na Colômbia, e foi detonado dentro do local, deixando 21 mortos e 68feridos. As autoridades colombianas suspeitam que o ataque terrorista tenha sido cometido pelo Exército de Libertação Nacional (ELN), guerrilha de extrema esquerda.
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Segundo o procurador-geral, Néstor Humberto Martínez, o motorista foi identificado como José Aldemar Rojas Rodríguez, de 57 anos, que teria usado 80 quilos de explosivos. Ele dirigiu até a porta da academia de polícia em um carro cinza. Na entrada, às 9h30, um cão farejador detectou o perigo e, quando os agentes tentaram impedir o carro, ele acelerou e atropelou um dos vigias.
Em seguida, ele avançou em alta velocidade por pouco mais de 200 metros e detonou o explosivo quando passou perto do alojamento das mulheres. O terrorista está entre os mortos, segundo autoridades colombianas. As outras vítimas incluiriam algumas cadetes e os policiais que perseguiam o motorista.
Pouco antes de o carro explodir, era realizada uma cerimônia de promoção de cadetes. Imagens postadas nas redes sociais mostram restos de um carro calcinado.
Pelo Twitter, o presidente da Colômbia, Iván Duque, classificou o incidente como «ato terrorista» e pediu que os autores do ataque sejam levados à Justiça. «Estou voltando imediatamente a Bogotá com a cúpula militar, diante do miserável ato terrorista cometido na Escola General Santander contra nossos policiais», postou.
«Vamos aos fatos. Dei ordens para determinar os autores desse ataque e levá-los à Justiça. Os colombianos rejeitam o terrorismo e estamos unidos para enfrentá-lo. A Colômbia está entristecida, mas não se curva à violência», escreveu o presidente.
Recentemente, rebeldes do ELN intensificaram os ataques contra alvos de polícia na Colômbia em meio a uma disputa com Duque sobre como reiniciar as negociações de paz. Desde que o presidente assumiu, em agosto, Duque se recusa a negociar um cessar-fogo.
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O ELN era considerado uma ameaça militar menor do que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), cujo acordo de paz, firmado em 2016, desarmou os 7 mil guerrilheiros. Por décadas, moradores de Bogotá viveram sob atentados de bombas de rebeldes de extrema esquerda ou pelo cartel de drogas de Pablo Escobar.
As autoridades colombianas trabalham com três hipóteses. A primeira aponta para as milícias do ELN, que aumentaram seus ataques em Bogotá nos últimos dois anos. Segundo as investigações, o carro usado tinha uma placa de Arauca, um departamento colombiano na fronteira com a Venezuela, onde o ELN tem forte presença.
A segunda hipótese é de um retorno dos ataques do chamado Clã do Golfo, principal grupo de narcotraficantes da Colômbia, comandado por Dairo Antonio Úsuga David.
Conhecido por «Otoniel», ele é o criminoso mais procurado da Colômbia, apelidado de «Senhor da Droga». De acordo com fontes policiais ouvidas pelo jornal El Tiempo, «Otoniel» estaria tentando usar o terrorismo para pressionar por uma saída política para sua situação.
A última hipótese, considerada improvável, é a ação de alguma dissidência das Farc, que estaria irritada com a morte do principal líder do grupo, o dissidente Walter Patricio Arizala, conhecido como «Guacho».