A Prefeitura de São Paulo vai multar pela primeira vez os blocos de carnaval de rua que descumpriram termos do acordo firmado com o poder público. As penalidades definidas até esta quarta-feira, 6, ultrapassavam R$ 300 mil.
Um dos mais tradicionais blocos paulistanos, o Acadêmicos do Baixo Augusta, terá de pagar R$ 220 mil por ter atrasado sua dispersão. O bloco deveria ter encerrado o som até as 19h45, mas tocou até 21 horas no domingo de pré-carnaval, dia 24.
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Em nota, a diretoria do bloco disse ainda não ter sido notificado sobre a multa. Afirmou ainda ter entregue o plano de segurança, com todas as informações de desfile, «inclusive o horário de término às 21 horas». Ainda conforme o grupo, há cinco anos o Baixo Augusta termina nesse horário, pois há «imensa frequência de público», o que teria sido discutido em reuniões com órgãos públicos. O grupo carnavalesco ainda reclamou do cerco à Praça Roosevelt, o que reduziu o espaço para a passagem dos carros.
O secretário municipal de Cultura, Alê Yousseff, foi um dos fundadores e presidia o Baixo Augusta. Mas se afastou quando assumiu a pasta, em janeiro. Procurado, ele não se manifestou até as 19h30.
Também por atraso, a Banda do Fuxico terá de pagar R$ 88 mil à Prefeitura. A agremiação disse ter encerrado o desfile às 21h50, no centro, 10 minutos antes do horário que o bloco encerra o desfile há 19 anos. O presidente, José Roberto do Nascimento Silva, disse não saber da multa e vai recorrer da decisão. Ele alega não ter recebido o documento oficial com o novo horário (até as 20 horas) e ressalta ter autorização da SPTuris para encerrar às 22 horas.
«Como assim multar nosso bloco oficial, que desfila há 19 anos, por falha da logística dos organizadores do próprio carnaval?», disse. «Vamos provar que estamos certos e não fizemos nada fora da lei.»
O Bloco do Faísca, que saiu no dia 22, na Liberdade, será multado em R$ 22 mil por meio do Sindicatos dos Eletricitários, que organizou o bloco. O motivo foi ter desfilado sem autorização. A reportagem não conseguiu contato com o sindicato.
Abadás
O Carnamauri, realizado na tarde de 24 de fevereiro, nos Jardins, será multado por ter vendido bebidas alcoólicas e abadás, o que é proibido no carnaval paulistano. O valor ainda não definido. Além da multa, o Carnamauri não poderá escolher o trajeto no ano que vem.
Segundo Fabiano Curi, um dos organizadores, o bloco não foi notificado. Ele disse que a venda de abadás foi «em um evento paralelo, em um espaço particular e feita por terceiros». «Nós tínhamos uma autorização de Feira Gastronômica. Todas as autorizações necessárias junto aos órgãos públicos competentes foram feitas.»
Já o bloco Meu Glorioso São Cristóvão, que deveria ter saído na avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, na zona sul, será penalizado por não ter aparecido no local, onde a Prefeitura montou estrutura com banheiros, além de enviar agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da Guarda Civil Metropolitana (GCM). A reportagem também procurou o Meu Glorioso São Cristóvão, do Rio. Um dos organizadores do evento em São Paulo é a empresa Pipoca, que não se manifestou.