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Condenado, pai de Bernardo pode perder registro de médico

Leandro Boldrini (de branco), em meio a seus advogados Divulgação/TJ-RS

Condenado à prisão pela morte do filho Bernardo, o médico Leandro Boldrini pode ter seu registro profissional cassado. O Cremers (Conselho Regional de Medicina do RS) havia aberto uma sindicância assim que, em abril de 2014, veio à tona o assassinato do menino, de 11 anos. A corregedoria da entidade, no entanto, aguardava o resultado do julgamento para dar sequência ao procedimento.

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Hoje, a corregedoria do Cremers deve entrar em contato com a Justiça para dar andamento à sindicância. O presidente do Cremers, Eduardo Trindade, afirma que vários elementos serão considerados. “É aberto um processo para avaliar a conduta, e pode evoluir para eventual cassação. Várias informações foram levantadas pela investigação, pelo Ministério Público, e durante o julgamento. Agora serão avaliadas para se tomar as medidas cabíveis.”

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O júri popular do caso Bernardo resultou na condenação dos quatro réus: o pai, a madrasta Graciele Ugulini, além de Edelvânia e Evandro Wirganovicz. Considerado o mentor do crime, Leandro pegou 33 anos e oito meses de prisão por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica – por ter registrado um boletim de ocorrência a respeito do desaparecimento de Bernardo mesmo com o conhecimento de que ele havia sido morto.

A previsão é de que o médico permaneça no regime fechado até 2027. Quando conseguir a progressão para o semiaberto, Leandro poderá deixar o presídio durante o dia para trabalhar, devendo retornar à noite. Se tiver o registro profissional cassado, a liberação para trabalhar pode ficar comprometida.

O julgamento

Os quatro envolvidos na morte de Bernardo foram condenados na sexta-feira, no Fórum de Três Passos, norte do RS, após cinco dias de julgamento. A pena mais alta foi a de Graciele, responsável por ministrar uma dose letal do medicamento midazolam no enteado. Ela cumprirá 34 anos e sete meses, em regime inicialmente fechado.

A juíza Sucilene Engler Werle, responsável pelas sentenças, afirma que o fato de Leandro ser o pai da vítima foi considerado no cálculo. Entretanto, a conduta da executora de Bernardo foi considerada ainda mais grave.

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A sentença de Edelvânia, amiga de Graciele, foi de 22 anos e dez meses, também em regime inicialmente fechado. O irmão dela, Evandro Wirganovicz, que abriu a cova onde Bernardo foi enterrado, recebeu pena de nove anos e seis meses. Como já está preso preventivamente desde abril de 2014, irá para o semiaberto imediatamente.

O promotor Bruno Bonamente comemorou o resultado. Ele ressaltou a soberania do Conselho de Sentença no processo, de alto grau de complexidade. A acusação evitou emitir qualquer juízo de valor quanto à sentença proferida pela Justiça. Entretanto, conforme o promotor, o cálculo será reavaliado em um momento mais oportuno.

A decisão, em primeira instância, deverá ter recursos de todos os condenados. A defesa de Leandro deve ingressar com um pedido de anulação do julgamento. O argumento é que juíza permitiu que um promotor lesse perguntas para o réu, mesmo depois de ele ter optado por ficar em silêncio.

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