Imagine aprender matemática, química, história ou física em um idioma que você não conhece. É esse o desafio que enfrentam os 11.905 estudantes estrangeiros da rede estadual de ensino paulista. E é um número crescente: houve um acréscimo de 18% neste ano, segundo a Secretaria da Educação. A rede tem 3,5 milhões de alunos.
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Na capital, a dificuldade é enfrentada por 6.910 alunos de cem nacionalidades, entre bolivianos, chineses, haitianos, angolanos e venezuelanos.
Algumas escolas concentram mais estudantes estrangeiros, como a Padre Anchieta, no Brás (centro), que tem 176 imigrantes. Ali, eles relatam uma boa recepção, que minimiza as dificuldades. “Eles [os brasileiros] tratam muito bem a gente”, disse a estudante boliviana Judith Roque, 12 anos.
A aluna chinesa Isabel Zou, 12 anos, ainda não domina a língua portuguesa, mas disse que recebe ajuda dos professores quando precisa. “Minha maior dificuldade é o idioma”, contou.
Apesar de serem de fora do país, os estrangeiros não se sentem discriminados. “Eles [brasileiros] não são preconceituosos”, disse o nigeriano Munachi Ogbuka, 11 anos. “A convivência é legal.”
Os alunos brasileiros ficam interessados em se aproximar mais dos colegas. “Quando a gente vê eles falando [sic], dá vontade de se comunicar na língua deles”, declarou Jisele de Sousa Araújo, 12 anos.
“Eles ensinam coisas que não aprendemos no Brasil”, conta José Augusto Neto, 12 anos. Ele é próximo do peruano André Quispe, 12 anos, e os relatos do amigo sobre a neve em seu país deixaram o brasileiro com vontade de ver os flocos.
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A dirigente da diretoria de ensino – Região Centro, Maria de Fátima Lopes, confirma que a maior dificuldade em receber esses estudantes é a comunicação. Segundo ela, algumas escolas têm programas dedicados a esses alunos. “Existem escolas que oferecem cursos de alfabetização e trabalhos aos finais de semana.”
Maria de Fátima conta que as “experiências são bastante positivas, a começar pelo acolhimento”. “O acolhimento é o primeiro grande passo para eles se sentirem mais ou menos em casa”, afirma.