Os policiais militares envolvidos na operação na favela de Paraisópolis (zona sul) na madrugada de domingo (1º), durante um baile funk, que culminou na morte de nove jovens, foram afastados ontem das ruas.
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Segundo a Secretaria de Segurança Pública, os policiais envolvidos foram transferidos para serviços administrativos e suas armas foram encaminhadas para a perícia.
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Duas investigações sobre o que de fato aconteceu naquela madrugada, durante o baile da Dz17 –realizado há sete anos em ruas de Paraisópolis– estão sendo feitas: uma pela Corregedoria da Polícia Militar e outro pela Polícia Civil, conduzida pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa). A promotora Soraia Bicudo Simões foi designada pelo Ministério Público para acompanhar as investigações acerca da ação da Polícia Militar na favela de Paraisópolis. Os policiais já prestaram depoimento, segundo a secretaria.
Os agentes dizem que entraram na favela em busca de dois homens em uma motocicleta que teriam atirado em policiais e se infiltrado na comunidade, usando moradores e frequentadores do baile como escudos humanos.
As vítimas, que segundo relatos de moradores teriam sido encurraladas numa viela pela PM durante a confusão, tinham entre 14 e 23 anos e não moravam em Paraisópolis (veja ao lado).
Segundo o líder comunitário de Paraisópolis Gilson Rodrigues, o pancadão começou há sete anos e foi crescendo muito. Ele disse que não existe coordenação e hoje 80% dos frequentadores são de fora da favela. Ainda de acordo com Rodrigues, as ações contra o baile funk foram intensificadas e criaram um clima de violência.
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O ouvidor das polícias, Benedito Mariano, criticou a operação. “A improvisação e a precipitação podem ter contribuído, direta ou indiretamente, para as mortes dessa tragédia”, disse.
Os parentes do estudante Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos, contestam a versão de que o jovem tenha morrido pisoteado. Eles mostraram a calça que o jovem usava e alegam que não havia marcas de pisadas .
Sobre as imagens divulgadas de policiais agredindo frequentadores, o tenente-coronel Emerson Massera disse que serão analisadas.
A Defensoria Pública se colocou à disposição dos familiares das vítimas. Em nota, a Rede Nossa São Paulo criticou: “Até hoje não se propôs espaço adequado ou alternativa para as atividades destes jovens. Vila Andrade não possui nenhuma sala de shows. Não há justificativa nem narrativas que justifiquem a morte de uma das maiores riquezas da sociedade, a nossa juventude”.
Doria lamenta, mas diz não mudar política
O governador João Doria (PSDB) informou ter determinado investigação rigorosa e manifestou solidariedade à família dos mortos e à comunidade.
Doria afirmou, no entanto, que ações contra pancadões vão continuar. Ele disse que a Lei do Silêncio e o combate à criminalidade justificam as intervenções. “A existência de um fato não inibirá ações de segurança”.
O governador disse ainda que a letalidade do caso de Paraisópolis “não foi provocada pela PM”.