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‘Havendo forças para continuar, continuo’, diz Bruno Covas

Em sua primeira entrevista após deixar a UTI, o prefeito Bruno Covas (PSDB) disse que deixará a Prefeitura se necessário, mas que não pensa em se licenciar.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) fica no seu quarto no Hospital Sírio-Libanês como se estivesse no seu gabinete na Prefeitura: de tênis, calça e camisa. Enquanto trata do câncer que atinge o sistema digestivo com sessões de quimioterapia, está à disposição dos médicos de manhã e de seu secretariado à tarde.

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Em sua primeira entrevista após deixar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde tratou uma hemorragia na semana passada, disse que deixará a Prefeitura se necessário, mas que não pensa em se licenciar. Para ele, ainda é cedo para falar em campanha eleitoral. Em uma conversa com o jornal O Estado de S. Paulo de cerca de 30 minutos, marejou os olhos duas vezes: ao falar das mensagens de apoio que tem recebido e ao ouvir que aparenta estar bem. «As pessoas chegam aqui e eu que tenho que consolá-las». Leia trechos da entrevista:

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Como tem sido sua rotina?
Às vezes tem uma reunião às 15h e acaba atrasando porque entra médico, entra um exame no meio… O bom é que, quanto mais trabalho, mais ocupo a cabeça. Não há nenhum conflito com o tratamento trabalhar durante esse período. Ao contrário, é muito positivo. É bem melhor do que ficar parado aqui assistindo série Como a restrição é agenda externa, isso se aplica eu estando no hospital ou na Prefeitura.

O que pensou ao ter que ir para a UTI semana passada?
O susto é você acordar com dor. Estavam achando que (a dor) era efeito da quimioterapia e talvez teria que trocar. E aí, o bom resultado que eu tive até aqui talvez eu não tivesse com uma nova droga. E, claro, o susto de você estar com dor e não saber o que é. Você está enfartando? Está reagindo à quimioterapia? Na verdade, de todos os problemas, foi o mais fácil de ser resolvido (era uma hemorragia causada por um exame, que foi estancada).

Como está a cabeça?
A cabeça a gente vai segurando. Ajuda muito a quantidade imensa de mensagens que tenho recebido. Continuo recebendo de conhecidos, pessoas desconhecidas, de São Paulo, do Brasil todo, pessoas mandando um salmo para ler. ‘Olha, toma suco disso.’ É algo muito positivo, que ajuda demais neste momento.

O sr. tem conversado com sua família?
Minha mãe, nos primeiros 23 dias, praticamente se mudou de Santos para cá. Nesse período que estou agora é meu irmão que está 24 horas comigo. Meu filho praticamente todo dia vem aqui. Aproveitei para estudar com ele.

Ele faz muitas perguntas?
Claro! Imagina, visitar um dia o pai no quarto e no outro dia visitar na UTI. Tudo ele quer saber, quer compreender e, sempre que a gente consegue, consigo avisá-lo antes do boletim médico. É mais tranquilo quando aviso do que quando ele lê pela internet (risos).

Acha que haverá um momento em que terá de se licenciar?
Se houver necessidade, sim. Por enquanto, não houve. É uma questão objetiva, não subjetiva. Havendo forças, condições físicas e psicológicas para continuar na Prefeitura, continuo. Não havendo, vou ter que me licenciar. Não tenho nenhum apego ao poder. O que eu tenho é a responsabilidade de dirigir a cidade.

Seu avô, Mário Covas também enfrentou um câncer. Ele te inspira?
Não tem espaço para ser de outra forma. Ou você encara o desafio de frente ou não encara. Não dá para encarar pela metade. Não tem meio termo. Acho que a diferença não é a força, é a forma. É encarar de forma pública, transparente.

Está sendo possível fazer articulações para a reeleição?
Não há nenhuma pressa em relação a isso. É um País em que uma semana é longo prazo. A gente começa a semana e termina a semana, o presidente (Jair Bolsonaro) está montando partido, partidos que estavam brigados começam a discutir uma fusão… Então, não há pressa. Veja os outros trinta e tantos partidos, quais já decidiram os seus candidatos? (…) As prévias que definiram que o (governador João) Doria seria o candidato a prefeito em 2016 foram depois do carnaval.

O presidente terá candidato em São Paulo?
A hora que a gente abre o jornal, é o (José Luiz) Datena, é o (Paulo) Skaf, é o (Marco) Feliciano, é um nome novo. Nesse momento, acho que não há definição nem por parte do próprio presidente, nem por parte do PT, que governou a cidade por três mandatos.

Não há pressa para escolher seu vice?
O Doria me convidou para ser vice dele em 10 de julho de 2016. Para que, neste momento, o PSDB precisa definir quem é seu candidato a vice?

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O que o sr. acha de Joice Hasselmann, defendida por Doria?
O Doria tem falado algo muito positivo, que é montar um grande arco de alianças. E aí, um nome para vice é um nome que depende de quem são os adversários. O que não há, agora, é nenhum tipo de veto.

Como o sr. avalia sua gestão?
O grande diferencial dessa gestão é a inovação. Hoje você tem um sistema de monitoramento que permite acompanhar online onde está cada uma das equipes de zeladoria da cidade. Ampliei a produtividade de cada uma delas. A gente acabou de colocar no ar um sistema de acompanhamento do subsolo. Estamos implementando telemedicina nas UBSs. Recentemente, a gente anunciou investimento para equipar as salas de aula com material de informática.

E qual é a expectativa para o ano que vem?
A gente vai sair do rombo orçamentário de 2017, de R$ 7 bilhões que a gente recebeu do PT, para um investimento de R$ 7,5 bilhões. Vamos dar continuidade em obras interrompidas e entregar 12 CEUs, dois hospitais, UPAS.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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