O presidente Jair Bolsonaro disse na manhã desta terça-feira (18) que já tomou providências legais para garantir uma apuração «independente» sobre a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, suspeito na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Ex-capitão da Polícia Militar, Adriano tinha ligação com um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Sem partido-RJ).
Em conversa com jornalistas na frente do Palácio Alvorada, o presidente indicou que tem conhecimento prévio de uma ação que poderá ser tomada ainda nesta terça pelo Ministério Público Federal da Bahia para acionar uma perícia independente.
«Pelo o que estou sabendo, o MP (Ministério Público) Federal da Bahia, não tenho certeza, vai cobrar uma perícia independente hoje. É o primeiro passo para começar a desvendar as circunstâncias que ele (Adriano) morreu e por quê. Poderia interessar para alguém a queima de arquivo. Contra quem ele teria para falar? Contra mim que não era nada. Contra mim teria certeza que os cuidados seriam outros para preservá-lo vivo», afirmou Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
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O presidente disse que tem receio de haver distorções na perícia oficial e que alguém poderia até inserir áudios supostamente falsos para relacioná-lo ao miliciano.»Tem outra coisa mais grave. Vai ser feita perícia no telefone apreendido com ele. Será que essa perícia poderá ser insuspeita? Porque eu quero uma perícia insuspeita. Nós não queremos que seja inserido áudios no telefone de ou conversações no WhatsApp. Que depois que se faz uma perícia se porventura, vamos deixar bem claro, se porventura, uma pessoa seja atingida, que pode ser eu, apesar de ser presidente da República, quanto tempo teria para ser feita uma nova perícia? Vocês lembram do caso do porteiro», afirmou à imprensa.
Na segunda-feira, 17, um grupo de 20 governadores divulgou carta na qual critica Bolsonaro por declarações a respeito de Adriano e com suposições sobre os eventos envolvendo a morte. O ex-policial foi morto em confronto com a polícia baiana no dia 9 e acusado de chefiar uma milícia. Hoje, Bolsonaro classificou a carta como «grave».
«Essa carta (dos governadores ) tem uma algo mais grave ali. Eles estão criticando minha postura no caso do capitão Adriano. Eu esperava que os governadores esses que assinaram sobre esse assunto específico fossem querer uma investigação isenta no caso Adriano», rebateu Bolsonaro.
O presidente reforçou que não teria interesse em uma «queima da arquivo» no caso Adriano, mas lançou suspeitas de que alguém poderia ter feito isso para prejudicá-lo. «Os peritos alegaram ali, que tudo indica, os tiros foi a queima roupa (sic), então foi queima de arquivo. A quem interessa queima de arquivo? A mim, não. Zero. O que é mais grave agora: primeiro estou pedindo, já tomei as providências legais, para que seja feita uma perícia independente. Sem isso, não tem como buscar até quem sabe matou a Marielle. A quem interessa não desvendar quem matou a Marielle. Os mesmos que não interessam desvendar o caso Celso Daniel (então prefeito de Santo André, morto em 2002).»