Realizada anualmente pelo Ministério da Saúde desde 2006, a pesquisa que mostra a prevalência de doenças crônicas e hábitos de vida da população lança um alerta: obesidade, diabetes e hipertensão, fatores de risco para agravar a covid-19, atingem a cada ano uma fatia maior dos brasileiros.
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O levantamento, chamado Vigitel, mostra que um a cada quatro adultos nas 26 capitais e no DF –24,5%– têm hipertensão, um a cada cinco –20,3%– estão com obesidade e 7,4% apresentam diabetes. Há 13 anos, quando ele foi realizado pela primeira vez, esses percentuais eram mais baixos: 22,6%, 11,8% e 5,5% respectivamente.
A endocrinologista Maria Edna de Melo, da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo), alerta que, dessas três condições, a que mais oferece risco de desenvolvimento de forma grave da covid-19 é a obesidade. “Até porque, na maioria dos casos, quando a pessoa tem diabetes e hipertensão ela já tem obesidade.”
Estudo feito em Nova York com 4 mil pacientes e citado pela médica mostrou que pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) a partir de 30 até 40 têm 4,2 mais chances de evoluir para um a necessidade de internação do que pessoas com peso normal. Quando o IMC ultrapassa 40, são 6 vezes mais chances. Maria Edna alerta que pacientes com excesso de peso precisam se proteger e não podem se expor –sair do distanciamento social– “da mesma forma que uma pessoa que tem peso normal”.
Melhorar condições
Se mostra mais brasileiros com doenças crônicas, o estudo do ministério também revela que aumentou a fatia da população que faz atividades físicas nos horários de lazer, de 30,3% em 2009 para 39% em 2019, e dos que comem ao menos cinco porções de frutas e hortaliças em cinco dias da semana, de 20% em 2008 para 22,9% no ano passado. E é por esse caminho que as pessoas com sobrepeso ou obesidade devem seguir, segundo a endocrinologista. “Ter uma alimentação balanceada, pouca ingestão de ultraprocessados, melhor e mais elevada ingestão de alimento in natura, como frutas, verduras, legumes, arroz e feijão, reduzir embutidos como salsicha, linguiça, alimentos com muita gordura, como macarrão instantâneo e bolachas, e bebidas adoçadas”.
E buscar se manter calmo, porque, como diz Maria Edna, sob estresse a pessoa “não vai querer comer salada nem fruta, só vai querer comer tranqueira”.