O dólar operou em baixa durante toda a segunda-feira, 25, e fechou com a menor cotação desde 30 de abril, cotado a R$ 5,4579, em queda de 2,18%. Em dia de fraco volume de negócios, por conta dos feriados em São Paulo, nos Estados Unidos e na Inglaterra, a visão nas mesas de câmbio foi de que o vídeo da reunião ministerial de Jair Bolsonaro, divulgado no final da tarde de sexta-feira, não eleva as chances de impeachment do presidente, o que diminui por ora o risco político e fez a Bolsa disparar. A queda da moeda americana no exterior, em meio ao processo de reaberturas de economias europeias, também ajudou a retirar pressão dos negócios domésticos.
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Logo pela manhã o dólar já caiu abaixo de R$ 5,50. Leilões de rolagens do Banco Central também ajudaram a dar certo alívio. Foram duas operações, um leilão de swap, de US$ 600 milhões, e outra de linha (venda de dólar à vista com compromisso de recompra), de US$ 2 bilhões. Na mínima do dia, a divisa dos EUA chegou a cair a R$ 5,44, enquanto o Ibovespa subiu mais de 4%.
Com a queda de hoje, o dólar reduziu a alta em maio, que já superou os 4%, para apenas 0,35%. No ano, porém, a moeda americana ainda sobe 36% e o real segue com o pior desempenho em uma cesta de 34 divisas. O dólar futuro para junho recuava 1,73%, a R$ 5,4445 às 17h30.
Na sexta-feira, houve apenas um efeito limitado da divulgação do vídeo da reunião ministerial, que saiu no final da tarde, com o mercado à vista já fechado e o futuro perto de encerrar. Mesmo assim, o dólar futuro passou a cair. Mas a maior parte do efeito das avaliações do conteúdo foi nesta segunda-feira. «O vídeo não trouxe nenhuma prova indiscutivelmente robusta para incriminar Bolsonaro nas investigações quanto à sua potencial ingerência sobre a PF», afirmam os analistas da consultoria política americana Eurasia.
«Parece que no curto prazo podemos ter arrefecimento do risco político. Obviamente não podemos dizer que a situação está tranquila, o país está polarizado», afirma o estrategista e sócio da TAG Investimentos, Dan Kawa. Havia o temor do mercado de que o conteúdo fosse trazer provas claras de que teria tido tentativa de interferência do presidente na PF, ressaltou Kawa. Mas isso não aconteceu. «Não tiveram informações novas além do que já havia sido dito», disse ele, ressaltando que o conteúdo não piorou a situação do governo em termos de apoio popular ou político.
Kawa diz esperar que a situação política continue turbulenta no Brasil, pois o país está polarizado, mas nas últimas semanas o cenário estava «excessivamente turbulento», tendo impacto importante nos preços dos ativos.