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Especialistas dizem que nuvem de gafanhotos será menos prejudicial ao Brasil

Divulgação

Uma nuvem de gafanhotos que já destruiu plantações de milho e mandioca na Argentina no início desta semana se aproxima da região Sul do Brasil. De acordo com o Senasa (Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar da Argentina), órgão que monitora o fenômeno, os insetos encontravam-se ontem entre a região de Santa Fé e Corrientes, no país vizinho. Especialistas brasileiros explicam que a passagem dos insetos pelo Brasil deve ser pouco prejudicial.

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Por aqui, segundo o meteorologista do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), Marcelo Seluchi, existe grande possibilidade de os insetos serem carregados por uma frente fria até o estado do Rio Grande do Sul, mas afirma que a situação não deve ser preocupante como no continente africano ou recentemente nos países vizinhos.

“Felizmente trata-se de um fenômeno não muito comum na América do Sul como é na África, que apresenta contrastes climáticos muito frequentes, grandes períodos de calor e de tempo seco seguidos por uma chuva explosiva que traz umidade. Isso forma um ‘caldo de cultivo’ muito apropriado para que eles se reproduzam exponencialmente e sejam carregadas pelo vento”, afirma o meteorologista.

Dori Edson Nava, pesquisador da área de entomologia na Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura), diz que apesar da associação da nuvem de gafanhotos ao “final dos tempos”, trata-se de um acontecimento natural e que o inseto adulto em busca de comida é favorecido pelas condições climáticas.

Dori conta que a Argentina estava monitorando o aumento da reprodução de gafanhotos desde 2015 e explica: “Além de ter poucos inimigos naturais, a população cresceu tanto que já não havia mais comida para todos na região do Paraguai e Bolívia e, por instinto natural de sobrevivência, eles saem do seu território e criam essa nuvem de insetos adultos em busca de alimentos em outros locais”.

O especialista de Embrapa garante que, com a frente fria que se aproxima na região sul, os gafanhotos podem perder sua capacidade de voar, se dissipar ou até morrer. Os insetos, que podem ter de oito a nove centímetros, são capazes de voar até 150 quilômetros de distância por dia em condições favoráveis.

O fenômeno não é novidade. Em 2004, uma nuvem de gafanhotos também chegou à região do Cairo, no Egito. O episódio naquele ano fez com que pessoas remetessem o fato às Dez Pragas do Egito, conto bíblico no livro do “Êxodo”. No mesmo período, nuvens de gafanhotos percorreram outros países do norte de África, como Mauritânia, Mali e Níger.

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Nos últimos 70 anos, fazendeiros africanos do Quênia, Somália e Etiópia também demonstram preocupações com o fenômeno recorrente nos países – já que em uma nuvem de 1 km² de gafanhotos, existem 50 milhões de insetos que devastam plantações inteiras em menos de 24 horas.


*Com supervisão de Fernando Mendonça.

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