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Entregadores lotam Av. Paulista e Centro do Rio em protesto por direitos trabalhistas

Greve organizada por todo o país nesta quarta-feira denuncia condições de trabalho dos entregadores de aplicativo

Greve dos entregadores na Avenida Paulista no dia 1º de julho Roberto Parizotti/Fotos Publicas

Uma greve nacional mobilizou a categoria dos entregadores que atuam por aplicativos, frequentemente sem vínculo empregatício, por melhores condições de trabalho. Nesta quarta-feira (1), os trabalhadores que atuam em apps como Rappi, Loggi, iFood, UberEats e James pediram que clientes não fizessem pedidos, e deflagraram protestos por diversas capitais.

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Na capital paulista, os grupos se concentraram, pela manhã, nos pontos onde costumam esperar os pedidos. Eles também circularam pelas ruas e avenidas da cidade, buzinando e fazendo barulho com o ronco do motor das motos. Por volta das 14h, as motocicletas e as bicicletas fecharam a Avenida Paulista em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e saíram em marcha.

“A pandemia mostrou para todos como nosso trabalho de entregador é essencial. Se o Brasil não parou é porque ele tá andando sobre duas rodas”, diz o texto de um panfleto distribuído nos pontos de concentração para a mobilização, que acrscenta: “Mas corremos muitos riscos, estamos recebendo mal e somos desrespeitados todos os dias pelos aplicativos”.

Greve dos entregadores no dia 1º de julho

Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, os trabalhadores se concentraram na Igreja da Candelária, no centro da cidade, e percorreram algumas das principais vias da região no fim da manhã. O protesto passou pela sede do Ministério do Trabalho no Rio de Janeiro, que também fica no centro do Rio, e seguiu para bairros da zona sul da cidade. Segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, não houve impacto no trânsito.

Outro ato aconteceu em Niterói, reunindo entregadores do município e da cidade de São Gonçalo. Os entregadores se concentraram na Praça Arariboia, também pela manhã, e seguiram por ruas do centro e zona sul de Niterói, incluindo o bairro de Icaraí.

Reivindicações
A principal pauta do movimento é o aumento dos valores pagos pelos aplicativos por entrega. A categoria quer não só o aumento do valor mínimo do serviço como também um reajuste do pagamento por quilômetro rodado. “Com a pandemia e o desemprego, os aplicativos estão ganhando como nunca. Em vez deles repassarem o valor para a gente, que está na linha de frente, correndo risco de pegar covid-19, eles jogaram as taxas de entrega lá embaixo”, diz o panfleto do movimento Treta no Trampo.

Os trabalhadores querem ainda benefícios como seguro contra roubo e acidentes, além de auxílios específicos para o período de pandemia do novo coronavírus, como equipamentos de proteção e licença remunerada para quem ficar doente.

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Greve dos entregadores de aplicativos na Avenida Paulista

Riscos
Nos meses de quarentena em São Paulo, foi registrado um aumento das mortes de condutores de moto, segundo levantamento feito pelo sistema Infosiga do governo do estado de São Paulo. Em abril e maio de 2019, morreram na cidade de São Paulo 46 motociclistas. No mesmo bimestre deste ano houve um aumento de 24%, para 57 mortes. Na comparação dos dois períodos, houve uma queda de 12,3% no total de mortes em acidentes de trânsito em geral na capital paulista, que passaram de 138 em 2019 para 121 em 2020.

Trabalho e remuneração
A pesquisa Condições de trabalho de Entregadores Via Plataforma Digital Durante a Covid-19, publicada na revista Trabalho e Desenvolvimento Humano mostrou que também aumentou a carga de trabalho dos entregadores durante a pandemia. Antes da crise, 57% dos entregadores trabalhavam mais de nove horas por dia, percentual que chegou a 62% durante a pandemia. Os dados mostram ainda que 7,8% dizem que tem carga diária de 15 horas ou mais.

O aumento de trabalho, no entanto, não foi acompanhado por um acréscimo na remuneração dos entregadores. Segundo o estudo, 58,9% dos trabalhadores disseram que houve queda na renda durante a pandemia. A pesquisa mostra que 34,4% ganham menos do que R$ 260 por semana (aproximadamente, R$ 1.040 mensais) e apenas 26,7% conseguem receber mais de R$ 520 por semana (cerca de R$ 2.080 por mês).

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