O aumento das contratações no mês de junho não foi suficiente para que o primeiro semestre registrasse o pior saldo de empregos com carteira assinada da série histórica do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), iniciada em 2002.
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Dados divulgados ontem pelo órgão do governo federal apontam para o fechamento de 1.198.363 vagas formais, resultado de 6.718.276 admissões e 7.916.639 desligamentos nos seis primeiros meses.No mesmo período do ano passado, o saldo foi positivo em 408 mil postos.
Apesar do acumulado negativo, o governo comemorou ontem sinais de recuperação nos dados. Junho registrou o maior número de admissões desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus.
O crescimento das contratações em relação a maio foi de 24%. Já as demissões desaceleraram, com redução de 16% na comparação ao mês anterior. “Posso trazer indícios claros de que já iniciamos a retomada. A retomada do mercado de trabalho é muito forte, expressiva. Temos meios para surpreender o mundo, como o nosso ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito”, disse o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco.
Apesar do bom desempenho, o saldo de junho ainda é negativo em 10.984 vagas. O pior mês para o emprego com carteira assinada no país foi abril, quando a maioria das cidades brasileiras passava pelo fechamento de serviços para barrar a disseminação do vírus.
O saldo nesse mês ficou negativo em 918 mil vagas. “Abril, menos 900 mil [vagas]. Maio, menos 350 mil. Junho, menos 10 mil. Isso aproximadamente. Uma melhora muito significativa”, destacou o secretário.
A agropecuária teve o melhor desempenho para a criação de postos em junho, com a abertura de 36.836 deles, seguido pela construção civil, que registrou saldo positivo de 17.270 vagas. Comércio e serviços tiveram saldos negativos, com o fechamento de 16.646 e 44.891 postos, respectivamente.
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O salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada caiu de R$ 1.741,73 em maio para R$ 1.696,22 em junho.
Para o governo, os programas emergenciais de suspensão de contratos e redução de jornada e salários criados durante a pandemia ajudaram a manter o nível dos empregos no país.
Ocupação
Os dados do Caged medem apenas empregos com carteira assinada, deixando de fora trabalhadores que estão na informalidade.
A taxa oficial de desemprego é medida no país pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que anunciou ontem que atrasará o resultado dos dados por conta de problemas técnicos.
O instituto divulgou na semana passada recorte da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) voltado ao período da pandemia.
De acordo com o levantamento, o percentual de pessoas em busca de uma vaga de emprego subiu de 10,7% em maio para 12,4% em junho, atingindo 11,8 milhões de brasileiros. Mais 1,7 milhão de pessoas ficou sem emprego, na comparação entre os dois meses.