Dados da fase 2 do inquérito sorológico realizado pela Prefeitura de São Paulo mostram que 1,3 milhão de pessoas, o que representa 11% dos moradores da capital, já teve contato com o novo coronavírus. O estudo também apresenta mais números que revelam como a pandemia da covid-19 tem escancarado a desigualdade social da cidade.
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Os resultados dessa nova etapa, divulgados ontem, reafirmaram que pretos e pardos, com menor instrução e baixa renda, são mais suscetíveis à infecção pela covid-19.
A maior parte dos contaminados estudou só até o ensino fundamental, é da classe D, divide a casa com três ou quatro familiares e está desempregada (veja ao lado).
“O vírus está jogando luz sobre a desigualdade que temos na cidade. É quatro vezes maior a incidência na classe D do que na classe A. Ou seja, quem é mais pobre tem mais chance de pegar”, afirmou o prefeito Bruno Covas (PSDB).
Diversos estudos têm relacionado as condições sociais com a covid-19. Entre outros aspectos, eles destacam que os mais pobres têm dificuldade para acessar serviços básicos, como saúde e saneamento, além de morarem em regiões com maior aglomeração e em moradias precárias.
“São famílias que moram em cubículos. Logicamente, não existe distanciamento e um infectado acaba contaminando a todos”, afirmou a integrante da Coordenação Nacional de Entidades Negras, Sandra Mariano.
Entre as ações voltadas aos mais pobres, a prefeitura já elencou a expansão de leitos na rede pública, a instalação de pias comunitárias, a distribuição de cestas básicas e a criação de centros emergenciais para os moradores em situação de rua.
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Como é feito
O inquérito sorológico faz testes em parte da população para estimar o nível de incidência da covid-19. Foram sorteadas 5,7 mil pessoas de todas as regiões. O estudo terá mais seis etapas.
Etapa terá só crianças e adolescentes
A Prefeitura de São Paulo anunciou ontem que fará uma etapa de testes para detecção do novo coronavírus apenas com crianças e adolescentes da cidade. “Nós teremos, ao total, nove inquéritos sorológicos, fase zero até a fase oito, e já solicitei ao secretário Edson Aparecido e toda equipe da Secretaria de Saúde que também seja realizado um inquérito específico para crianças e adolescentes. Esse inquérito será realizado na fase 4, ou seja, paralelo ao quinto inquérito”, disse o prefeito Bruno Covas. A ideia é reunir informações que possam embasar a decisão em relação a volta às aulas. Os dados também ajudaram a entender o impacto da transmissibilidade do vírus feito pelas crianças e como se comportam as crianças em famílias de pessoas sintomáticas e famílias de pessoas que testaram positivo.