Transmissão ao vivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta quarta-feira (5), respondeu dúvidas do público sobre a covid-19, incluindo os riscos da volta às aulas. Segundo o diretor de emergências da entidade, Michael Ryan, retomar atividades escolares presenciais piora o problema em países que ainda não controlaram a transmissão comunitária do novo coronavírus.
«Nós todos queremos nossas crianças de volta às escolas», afirmou. «Mas abrir as instituições em meio à transmissão comunitária provavelmente vai piorar o problema».
A líder técnica da resposta ao coronavírus da OMS, Maria Van Kerkhove, declarou que, nesta discussão, é necessário sempre lembrar que escolas não são ambientes separados de seu entorno. «Se houver transmissão na comunidade, essa transmissão vai acontecer no ambiente escolar».
Ryan apontou que reconhece o preço que os menores estão pagando por essa falta de acesso à educação. «Muitos países usam as escolas como um ambiente seguro para crianças, para garantir acesso à alimentação e prevenir exploração e abusos a elas», disse.
Porém, acrescentou que retomar o ensino presencial nos países em que o vírus está descontrolado vai gerar uma situação de «abre e fecha». «[Para reabrir], também são necessárias medidas para reduzir a transmissão no ambiente escolar e protocolos para reagir caso existam casos no local».
O diretor também avaliou que a reabertura envolve não somente mudanças, mas investimentos para aplicar essa modificações, o que pressupõe gastos.
Os dois afirmaram que as instituições de ensino variam muito entre si, então não é possível oferecer uma receita para reabertura que abranja todas. «Escolas são diferentes pelo mundo E aquelas para crianças pequenas são diferentes de outras pro Ensino Médio, que também se diferem de universidades e faculdades», afirmou Maria.
Pouco mais de dez países já abriram suas escolas, entre eles França, Alemanha e Austrália, mas 1 bilhão de alunos no mundo (60% do total) ainda estão sem aulas, segundo a Unesco.
Reabertura de escolas no Brasil
Na segunda-feira, 3, Ryan declarou que a pandemia no País continua a ser preocupante e avaliou que o primeiro passo para controle é suprimir a transmissão intensa do vírus.
Segundo a OMS, o Brasil tem contabilizado cerca de 60 mil novos casos diariamente. No total, são 2,8 milhões de infecções e mais de 96 mil mortes registradas, o que o coloca o país em segundo lugar no ranking de países com mais infectados pela covid-19, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.
A decisão pela volta às aulas é dos Estados. Em São Paulo, caso seja mantida a fase amarela do plano de reabertura por 28 dias, a expectativa é retornar ao ensino presencial no dia 8 de setembro. Porém, mesmo com o sinal verde, cidades como a capital paulista e os sete municípios que compõem o ABC paulista não pretendem seguir o calendário.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da OMS na América Latina, declarou na terça-feira, 4, que a situação do Brasil é crítica e ressaltou São Paulo e Bahia como Estados que enfrentam alto número de novos casos e mortes.