O comércio varejista parece já respirar mais aliviado após recordes negativos vindos com a pandemia do novo coronavírus. Dados divulgados na quarta-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram a segunda alta seguida nas vendas e no faturamento, e a retomada dos níveis do período pré-crise, em fevereiro.
As vendas cresceram 8% em junho na comparação com maio, mês que já havia registrado aumento de 14,4% frente ao desastroso abril, com queda de 17%.
O gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos, afirma que os supermercados, considerados essenciais durante a crise e por isso com funcionando de portas abertas, foram grandes responsáveis por manter o setor estável. “Nesse mês, a participação dos supermercados foi de 50,8%. Essa variação grande e volátil das outras atividades foi contida por esse setor e segurou o índice em 8%”, analisou.
Para o pesquisador, também pesou para o bom resultado a migração de outros setores para novas formas de venda. “Há um movimento de adaptação. Tanto móveis e eletrodomésticos quanto livros, jornais, revistas e papelarias são duas das atividades com maior potencial de adaptação, principalmente nas pequenas e médias empresas, que sempre tiveram o comércio calcado na venda física. Com a pandemia, ao longo do tempo, elas aprenderam a ofertar seus produtos de maneira distinta e a trabalhar com entrega, por exemplo.”
A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia comemorou a reação no varejo, que superou a projeção de 5,1% da Bloomberg para o mês. “O resultado da pesquisa para junho indica que o nível das vendas no varejo já recuperou o patamar anterior aos efeitos negativos da covid, excedendo o índice de fevereiro deste ano”, diz em nota informativa.
A pesquisa do IBGE detectou também a menor porcentagem de comércios varejistas que disseram terem tido a receita impactada pelo isolamento social em junho: 32,9%. Em abril este índice chegou a 63,1%.
Acumulado ruim
Apesar dos sinais de recuperação, o varejo ainda amarga marcas negativas para os índices acumulados neste ano.
A redução na intensidade das vendas na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2020 (de 1,6% para -7,7%) representa recorde histórico, no campo negativo, para a comparação trimestre ante igual trimestre do ano anterior. É o primeiro resultado negativo desde o período de janeiro a março de 2017.
Quanto ao semestre, o comércio varejista teve queda de 3,1%, primeiro valor negativo desde 2017 (-0,2%) e o mais intenso desde o segundo semestre de 2016 (-5,6%).