A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) chamou de «hediondo» o aborto feito em uma menina de 10 anos que havia sido estuprada por um membro de sua família.
O procedimento foi feito em Recife (PE) nesta segunda-feira (17), dez dias após a descoberta da gravidez. A legislação brasileira permite o aborto voluntário em casos de risco de morte para a mãe, estupro ou anencefalia.
Para o presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, haviam «recursos existentes e colocados à disposição para garantir a vida das duas crianças», referindo-se à vítima de estupro e ao feto. «A violência sexual é terrível, mas a violência do aborto não se explica».
O bispo ainda chamou de «lamentável», em nota divulgada pela CNBB, «presenciar aqueles que representam a Lei e o Estado, com a missão de defender a vida, decidirem pela morte de uma criança de apenas cinco meses, cuja mãe é uma menina de 10 anos».
De acordo com a ginecologista e obstetra Daniela Closer, em entrevista à Band nesta segunda-feira, continuar a gravidez da criança poderia resultar na perda de seu útero, ou, ainda, na morte materna. «Os órgãos sexuais dessa criança são imaturos. Ou seja, ainda não estão desenvolvidos adequadamente para receber uma gestação», explica.
Extremistas religiosos chegaram a protestar em frente ao hospital de Recife onde o aborto foi realizado, instigados pela ativista de extrema direita Sara Giromini, que divulgou na internet o nome da menina e o local em que ela estava internada.
A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco informou que seguiu a legislação vigente em relação à interrupção da gravidez (quando não há outro meio de salvar a vida da mulher, quando é resultado de estupro e nos diagnósticos de anencefalia), além dos protocolos do Ministério da Saúde para a realização do procedimento, oferecendo à vítima assistência emergencial, integral e multidisciplinar.