O uso de testes rápidos para diagnosticar a covid-19 popularizou-se, com sua disponibilidade em farmácias por todo o país sendo aproveitada por pessoas com ou sem sintomas da doença. No entanto, a qualidade dos exames e dos resultados por eles produzidos é largamente questionada.
O teste rápido, também chamado de «sorológico», identifica a presença de anticorpos para o vírus Sars-CoV-2 – e não o material genético do vírus, como ocorre com o teste PCR. Isto significa que o teste de farmácia poderia mostrar se você já teve ou não contato com o vírus, sem dizer se continua doente.
«O sorológico vai mostrar o passado. Ele tem ficado positivo depois do décimo dia, ou seja, depois que a pessoa já teve a doença e até já parou de transmitir”, explica o infectologista Ralcyon Teixeira.
O radialista Emerson França foi à farmácia tirar a dúvida se estava com a doença. Ele fez o teste rápido, que deu negativo, e depois o resultado foi outro no PCR. “A minha grande dúvida hoje é essa. Se funciona ou não”, contou França.
Falso negativo
Um levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogaria mostrou que, desde maio, mais de meio milhão destes testes foram feitos no Brasil; destes, mais de 85% deram negativo. Para o infectologista Jamal Suleiman, muitos destes resultados são falsos.
«Não me surpreende ter esse volume pois o teste é ruim, a seleção é ruim e a interpretação é pior ainda», diz o especialista, chamando a atenção para a falta de análise médica qualificada sobre os resultados.
De acordo com a Anvisa, a confiabilidade dos testes rápidos regularizados é de 70%. A agência ressalta que a fiscalização é feita pelas vigilâncias sanitárias de cada Estado ou município. As informações são da repórter Giovanna De Boer, da Rádio Bandeirantes.