A pandemia de covid-19 provocou mudanças em todo o mundo, em quase todos os setores. Na educação não foi diferente. O isolamento social obrigou as escolas a transferir as aulas para plataformas online e os alunos tiveram que aprender a estudar sem a presença física dos colegas e professores. Um desafio a mais em um ano já tão complicado, ainda mais para quem vai prestar vestibular.
As universidades tiveram que se adaptar e algumas escolheram adiar as provas de novembro para janeiro de 2021 – caso da USP, Unesp e Unicamp. Com mais de 5 milhões de candidatos inscritos, o Enem, previsto para 1º e 8 de novembro, foi remarcado para 17 e 24 de janeiro. Já algumas universidades particulares optaram por fazer provas online, como PUC, FMU, FGV, Insper e Mackenzie.
Meses depois, o vírus continua solto e cuidados ainda serão necessários na hora da prova. As universidades terão que adotar protocolos sanitários, como o uso obrigatório de máscaras, álcool gel, distanciamento de 1,5 metros entre as mesas, salas com 50% da capacidade e abertura dos portões com horário ampliado.
Para João Pitoschio, co-
ordenador pedagógico do curso Etapa, o adiamento das provas tem um ponto positivo: os alunos ganharam mais tempo para se preparar. As aulas são dadas ao vivo, mas também ficam gravadas caso o aluno queira assistir em outro horário. No entanto, o estudo em casa também exige mais organização.
“Em tempos normais de aula, todo o cronograma é pré-determinado. Na pandemia, o aluno tem que fazer isso também. Quanto mais organizado ele for, menos estressado ele vai chegar no fim do dia. Monte uma agenda semanal ou diária, com horários definidos, procurando seguir o que você fazia no curso pré-vestibular”, aconselha.
Juliana Brugnoli, de 18 anos, é estudante do cursinho pré-vestibular do Etapa e vai prestar vestibular para medicina nas principais universidades públicas paulistas. Com a pandemia, teve que mudar a rotina de estudos.
“Antes o período de aulas era integral. Agora assisto as aulas de manhã e uso a tarde para estudar”, relata. “Outra coisa muito boa é a possibilidade de escolher a ordem das aulas. Eu assisto aquelas que acho mais difíceis ou que não gosto muito da matéria antes”, completa.
Para Juliana, o cursinho conseguiu se adaptar bem ao contexto da pandemia, mas estar longe da sala de aula também tem seus pontos negativos. “Foi muito complicado não estar com os amigos e com os professores, que deixam a rotina mais leve e nos apoiam, então a maior questão nesse ano foi certamente o emocional”.
Livia Pinaso, de 19 anos, está no segundo ano de cursinho e também vai prestar vestibular para medicina. Ela conta que, quando a pandemia começou, teve dificuldades para acessar as aulas online porque não tinha um computador e a internet nem sempre era estável. Com o tempo, conseguiu se adaptar e elaborou seu próprio calendário.
“Em alguns momentos foi até melhor. Eu demorava duas horas para ir pro cursinho e duas para voltar, então ganhei 4 horas para estudar ou ficar com a minha família. Mas quando você não tem os colegas e os professores em volta, não dá para saber se você está indo bem o suficiente”, afirma.
Afinal, o que muda nas provas?
Além da data, alguns vestibulares também tiveram mudanças no conteúdo, para evitar que os alunos que não tiveram acesso às aulas online sejam prejudicados.
A Unicamp, por exemplo, informou que vai focar em conteúdos do primeiro e segundo ano do Ensino Médio e não adotará notas do Enem, por conta da incompatibilidade no calendário. A universidade também diminuiu a quantidade de questões – de 90 para 72 – e de livros obrigatórios – de 12 para 7.
“A dica principal é: estude os conceitos básicos e fundamentais de cada disciplina”, dizo o coordenador pedagógico do curso Etapa, João Pitoschio. “Básico não necessariamente é fácil”, explica. “Não é que o vestibular vai se tornar mais fácil, o que eles querem é cobrar um conteúdo menor. Eles não deixam claro isso nos editais, mas acho que essa será a tendência dos vestibulares.
Eles estão chegando!
Veja detalhes dos vestibulares para ingresso nas universidades públicas de São Paulo:
Unicamp
Adiamento da prova: de 22 de novembro para 6 e 7 de janeiro
Dois dias de prova: um para candidatos aos cursos de Humanas e Exatas, e outro
para os de Biológicas.
Segunda fase: 7 e 8 de fevereiro
Redução das horas de prova: de
5 para 4 horas
Universidade não vai adotar o Enem
Fuvest (USP)
Adiamento da prova: de 29 de novembro para 10 de janeiro
Segunda fase: 21 e 22 de fevereiro
O formato da prova será o mesmo
Unesp
Adiamento da prova: de 15 de novembro para 30 e 31 de janeiro
Segunda fase: 28 de fevereiro – prova será aplicada em um único dia e, em vez de questões dissertativas, haverá 60 de múltipla escolha e uma redação.
Reta final
Estudante deve reforçar organização
Um cronograma de estudos é importante mesmo em tempos normais. A reta final exige mais organização – ainda mais com o fim do ano letivo e as restrições pela pandemia. Separe um tempo por dia para se dedicar aos estudos e divida por blocos as disciplinas que serão revisadas conforme sua preferência. Bons estudos e boa sorte!
*Supervisão: Luccas Balacci