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A mulher que trabalha onze horas por dia em uma cabine blindada de um metro quadrado

Reprodução / The Clinic

Leidy é uma colombiana que imigrou para o Chile há cinco anos. Ela trabalha em um posto de gasolina em Santiago e seu turno de caixa deve ser cumprido em uma pequena cabine blindada, instalada após o início dos protestos contra o governo do país, em outubro de 2019.

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Ela contou ao The Clinic como é trabalhar onze horas em uma caixa de metal onde o sol não entra: “Na minha casa tenho sonhos em que estou trancada aqui.”

“Meu nome é Leidy, vim da Colômbia há cinco anos e trabalho neste posto há dois anos. A cabine foi instalada por causa dos saques que sofremos após a explosão social. A nossa lojinha de conveniência foi destruída. Ela foi fechada e nunca mais reabriu. Até o cofre e o que estava em nosso armário foi quebrado.” – Declara.

“Tiveram que despedir muitos colegas. Éramos quinze e agora só restam cinco. Embora os saques não ocorram mais, há muito tempo me sinto insegura. Temos que fazer turnos todas as noites aqui, temos medo de sair da cabine para o banheiro.” – Continua.

“Alguns turnos são das 20:00 às 19:30. A luz do sol não entra, mas felizmente temos ar condicionado. Antes era diferente, tínhamos vidros escuros, mas dava para ver algo lá fora. Também havia um espaço aberto para a entrada de ar, mas eles tiveram que fechá-lo porque poderiam jogar coisas em nós.”

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“Às vezes, à noite, não há clientes e isso te deixa com sono. Sentar tanto faz meus joelhos doerem, então às vezes eu me deito curvada porque meu corpo não cabe por muito tempo. Tenho que me posicionar diagonalmente no chão e flexionar as pernas para entrar. Trabalhar neste lugar pequeno é difícil. No momento, estou em consulta médica com um ortopedista. O fato de ficar sentado ali e sem mobilidade causa muita dor no joelho e no quadril.

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Isso também afeta mentalmente. Mesmo que você não sofra com isso, você pode se sentir claustrofóbico apenas por estar aqui neste pequeno espaço. Na verdade, meu status no WhatsApp diz ‘Tento dormir para esquecer o trabalho, mas sonho com trabalho’. Na minha casa tenho sonhos em que estou trancada aqui.

Nos últimos meses, nada aconteceu, a violência parou. Acho legítimas as demandas sociais, as pessoas têm o direito de protestar e pedir o que é certo, mas há outras pessoas que se prestam a fazer o mal. Muitos ficaram sem funcionar, não é só esse posto de gasolina, são muitos que fecharam. Os afetados somos nós que prestamos os serviços para a empresa, não somos os donos.

Em relação à medida de colocar essa cabine, acho que os trabalhadores estão satisfeitos em não perder trabalho, porque é tudo o que precisamos. Eu ganho um salário mínimo.. Algo como 360 mil pesos chilenos (ou 2.678 reais, na cotação atual da moeda brasileira).» – Conclui.

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