Com o anuncio da compra de 100 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da Pfizer e negociações avançadas para a aquisição de 38 milhões do imunizante da Janssen, o Ministério da Saúde prevê entregar aos estados cerca de 365 milhões de unidades de forma fracionada até o final de 2021, contando com outras cinco vacinas: CoronaVac, Oxford/AstraZeneca, Covaxin, Sputnik V e as que serão encaminhadas pela iniciativa Covax Facility, da OMS (Organização Mundial da Saúde).
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Em meio ao pior momento da pandemia no Brasil, com média de mais de 1.000 mortos por dia há mais de um mês, a quantidade de doses é animadora, mas a realidade da vacinação no país é bem diferente. As campanhas de imunização já foram paralisadas diversas vezes em capitais por falta de doses e o índice de imunizados ainda caminha a passos lentos.
Até ontem, cerca de 7,6 milhões de brasileiros foram vacinados contra a covid-19, o que corresponde a 3,5% da população. A segunda dose havia sido aplicada em 2,4 milhões de pessoas.
O cronograma da pasta leva em consideração vacinas já adquiridas e as que estão “em processo de tratativa final”, como a russa Sputnik V e a dose da Janssen, laboratório da empresa Johnson & Johnson. Das sete opções de imunizantes, apenas três possuem autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) – veja mais detalhes acima.
Na análise do diretor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Oswaldo Tanaka, o Ministério da Saúde demorou para concentrar esforços na compra de vacinas. “O governo federal foi inepto. Mesmo comprando agora, depois de um ano de pandemia, os fornecedores vão demorar para entregar as doses, o que acaba atrasando a vacinação no país”, afirmou.
Tanaka também defende medidas restritivas de circulação enquanto a vacinação não alcança um público maior. “A imunização começa a fazer efeito quando uma boa parcela da população se vacina. Enquanto isso, é necessário distanciamento social e medidas sanitárias para evitarmos mais mortes.”